Em decisão monocrática proferida no último dia 18, o desembargador Gilberto Giraldelli manteve a prisão do empresário e contador João Fernandes Zuffo, condenado a 62 anos de detenção pelo latrocínio que culminou na morte do advogado João Anaídes de Cabral Netto, ocorrida em 2021.
A defesa de Zuffo alegou que ele estaria sendo submetido a constrangimento ilegal, uma vez que está preso desde dezembro de 2021, tendo sido sentenciado somente em maio deste ano, sem que houvesse andamento nos autos do processo, sobretudo exame do recurso ingressado pelos advogados contra a condenação.
Diante disso, pleiteou a defesa, liminarmente, o relaxamento da prisão cautelar de Zuffo, argumentando excesso ilegal de prazo. Alternativamente, requereu a concessão de liberdade provisória condicionada a medidas cautelares.
Examinando o pedido, porém, o desembargador não se convenceu que os argumentos da defesa fossem aptos para conceder a ordem liminar.
Giraldelli, então, condicionou o julgamento do habeas corpus, diante da complexidade dos fatos, a um confronto das informações a serem fornecidas pelo juízo da Sétima Vara, o qual lhe sentenciou, para análise mais cuidadosa dos elementos de convicção dos autos, com intuito de verificar a apontada existência de coação ilegal.
João Fernandes Zuffo foi sentenciado em maio pelo cometimento dos crimes de organização criminosa, crime de Corrupção de Menor, Latrocínio, e Roubo Majorado. Além dele, a juíza condenou Ronair Pereira da Silva (48 anos de reclusão), Lucas Matheus da Silva Barreto (38 anos de reclusão) e João Manoel Correa da Silva (4 anos). Com exceção do réu João Manoel, eles deverão cumprir a pena em regime inicialmente fechado.
O latrocínio
As investigações identificaram o envolvimento de oito pessoas no latrocínio do advogado João Anaídes de Cabral Netto. O grupo comandado por Zuffo invadiu o condomínio de chácaras Flor do Vale, roubou algumas propriedades e na última delas, em que estava a vítima, amarrou as pessoas que estavam na casa.
O advogado João Anaides e mais uma vítima do assalto foram amarradas separadamente em um banheiro. Os suspeitos começaram a subtrair objetos pessoais das vítimas e logo em seguida foi ouvido um disparo de arma de fogo vindo do banheiro.
A vítima que estava trancada junto ao advogado relatou que um dos suspeitos arrombou a porta e efetuou um disparo na cabeça de João Anaides. Após o disparo, os criminosos fugiram do local levando duas camionetes, uma delas, do advogado.
Operação Flor do Vale
O inquérito conduzido pela Delegacia da Polícia Civil de Juscimeira apurou as circunstâncias e identificou os envolvidos no crime.
De acordo com o delegado Ricardo Franco, as provas produzidas e indícios reunidos no inquérito demonstraram a liderança do contador no planejamento e execução de diversos crimes patrimoniais ocorridos na região.
Ele planejava, apontava e indicava aos comparsas do grupo criminoso os lugares para executar os roubos, entre eles o que ocorreu no condomínio de chácaras onde propriedades foram alvos do grupo e em uma o advogado foi morto.
*Fonte: Olhar Jurídico