Nos bastidores, ministros consideraram ‘traição’ a ação do petista baiano
Depois de votar a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2021, que limita decisões monocráticas, ou seja, individuais de tribunais superiores, como Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), pediu desculpas aos ministros da Suprema Corte.
Conforme noticiou o jornal O Estado de São Paulo, Jaques Wagner recebeu ligações de alguns magistrados e explicou que não teve a intenção de “afrontar” o STF quando proferiu seu voto.
“Teve gente do Supremo que considerou o meu voto como uma afronta”, disse. “Não vou dizer quem, mas me ligaram e eu falei: ‘Se os senhores entendem que é uma afronta, antecipadamente peço desculpas. (Fiz isso) sem reconhecer minha culpa, mas, se foi interpretado assim, eu me desculpo. Não fiz nada para afrontar ninguém.”
Indiretamente, a ação do petista levou mais dois votos consigo: Angelo Coronel (PSD-BA) e Otto Alencar (PSD-BA). Ao todo, a PEC teve 52 votos a favor, sendo necessário, no mínimo, 49.
Desse modo, o voto de Jaques Wagner pode ter sido decisivo para aprovação da PEC. Nos bastidores, os ministros do STF consideraram “traição” a ação do petista baiano e deram um ultimato ao Planalto: “Ou Jaques sai, ou não vai ter mais papo entre o governo e o STF”.
Interlocutores de senadores do PT disseram que o governo não deveria ter se “intrometido” na discussão. Aos ministros do STF, o senador baiano ponderou que sempre viu a Suprema Corte como a “fiadora da democracia”.
“Defendo a harmonia entre os Poderes e sou um democrata”, continuou Jaques Wagner. “Eu disse: ‘Sei o serviço que vocês fizeram num momento difícil. Vocês, o governo e o Legislativo juntos.”
Apesar de o PT orientar voto contrário a PEC, o governo não tomou um partido publicamente.
*Fonte: Revista Oeste