‘O calafrio é inevitável’, diz Estadão, sobre volta de financiamentos no exterior pelo BNDES

Banco teve calote superior a US$ 1 bilhão por empréstimos feitos nos governos do PT a ditaduras comunistas

O jornal O Estado de S. Paulo, em editorial publicado nesta terça-feira, 28, lembrou dos “tempos tenebrosos” em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “foi usado pelos governos petistas para favorecer empreiteiras camaradas e regimes companheiros”.

A lembrança foi motivada pela tentativa que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva faz, agora, de reavivar os financiamentos para obras no exterior feitas por empreiteiras do Brasil. Um projeto de lei será enviado ao Congresso para autorizar esses financiamentos, interrompidos a partir do governo de Michel Temer e de Jair Bolsonaro.

“O calafrio é inevitável”, começa o Estadão. Nos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, ditaduras comunistas e governos esquerdistas foram os principais beneficiados pelos empréstimos garantidos pelo dinheiro do contribuinte brasileiro.

Quando Lula assumiu o governo e declarou que pretendia retomar aquela modalidade de empréstimos fulminada pela Lava Jato, deputados e senadores correram para apresentar projetos de lei para barrar o retrocesso.

Os parlamentares lembraram que o dinheiro do contribuinte brasileiro financiou ao menos um porto em Cuba, o Porto de Mariel, e o metrô de Caracas. “Com financiamento de US$ 638 milhões do BNDES, o porto de Mariel está prestes a completar dez anos. Apenas uma parcela mínima do empréstimo foi paga, Cuba ainda deve US$ 520 milhões, e o prometido uso pelo Brasil também não se concretizou”, lembra o Estadão.

Cuba, Venezuela e Moçambique deram um calote superior a US$ 1,1 bilhão no Brasil. Por isso, diz o jornal, “o caso cubano é apenas um dos tantos exemplos de desvirtuamento da função do BNDES, e faz sentido que se desconfie das intenções do governo petista ao restabelecer esse tipo de financiamento do banco”.

Embora o Estadão afirme que “não é desejável que se proíba totalmente essa atuação do BNDES”, um eventual retorno precisa ser fiscalizado. “O ponto negativo é justamente o vício da gestão petista, que naturalmente cerca de suspeitas as iniciativas desse tipo. O dinheiro público destinado a promover o desenvolvimento não deve, sob qualquer pretexto, servir de incentivo a projetos político-ideológicos, não importa quais sejam”, diz o jornal.

Eventual calote será pago pelo contribuinte brasileiro, alerta Estadão

BNDES
Dilma Rousseff na inauguração do Porto de Mariel, em 2014, com o então ditador cubano Raúl Castro | Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Também pesam contra a iniciativa do governo petista “declarações como a do presidente do banco, Aloizio Mercadante, desdenhando da consequência dos calotes da Venezuela, de Cuba e de Moçambique, que, juntos, somam US$ 1,12 bilhão, ou cerca de R$ 5,7 bilhões pelo câmbio atual”.

Estadão se refere a uma fala de Mercadante em outubro, quando participava de um fórum em Paris. Ele reagiu com irritação ao ser questionado sobre a inadimplência desses empréstimos: “Vocês [jornalistas] ficam com esse nhenhenhém, que é uma coisa absolutamente irrelevante para o BNDES.”

Agora, no editorial, o Estadão o repreendeu: “Ao contrário do que disse o sr. Mercadante, nenhuma inadimplência é irrelevante para banco nenhum, sobretudo para o BNDES, um banco público de fomento que tem como único acionista o Tesouro Nacional.”

O texto termina lembrando que, no caso do calote das ditaduras amigas nos contratos firmados com o BNDES na época do PT, o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), vinculado ao Ministério da Fazenda, arcou com o rombo. “Ou seja, o dinheiro para arcar com o prejuízo de financiamentos malfeitos é dos contribuintes, tenham ou não qualquer simpatia por Cuba, Venezuela e quejandos”, finaliza o Estadão.

*Fonte: Revista Oeste