PL cita decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal em ação contra o deputado denunciado por suspeita de prática de ‘rachadinha’
O Partido Liberal (PL) usou uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para embasar o pedido de cassação do mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG) por suposta prática de “rachadinha” no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília. Moraes atua como relator de inquéritos que têm o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele na mira e é frequentemente alvo de críticas de bolsonaristas.
Protocolada na última terça-feira, 28, na mesa diretora da Câmara, a representação do PL utiliza um acórdão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2021, que teve a relatoria de Moraes. O caso julgava a ex-vereadora de São Paulo Maria Helena Pereira Fontes (PSL), por prática de “rachadinha”.
Em seu voto no caso, o ministro do STF e do TSE qualificou “o esquema de rachadinha” como “uma clara e ostensiva modalidade de corrupção”. Outro trecho, em que Moraes define “rachadinha”, é utilizado pelo PL no pedido de cassação, com a afirmação de que “a reprovabilidade quanto aos fatos foi bem analisada” pelo ministro “em contexto rigorosamente similar”.
“No caso do deputado Janones, a colocação do ministro Alexandre de Moraes é de todo pertinente, vez que, categoricamente, o representado diz que irá superfaturar os salários de seus assessores com o objetivo de custear suas dívidas pessoais”, diz trecho do pedido do partido de Bolsonaro contra Janones. “Mediante desvio de valores.”
Partido de Bolsonaro, Moraes e suspeita de “rachadinha” de Janones
Cefas Luiz e Fabrício Ferreira, ex-assessores de Janones na Câmara, acusam o deputado de cobrar de funcionários de seu gabinete o repasse de parte dos salários recebidos. Cefas Luiz gravou um áudio em 5 de fevereiro de 2019, em uma reunião na qual Janones exigia que funcionários do seu gabinete na Câmara o ajudassem a pagar suas despesas pessoais.
A gravação foi revelada pelo site Metrópoles. De acordo com um trecho, o parlamentar afirma que seu patrimônio foi dilapidado durante campanha eleitoral (de 2016) e diz achar justo que as “pessoas participem da reconstrução disso”.
Em nota, Janones afirmou que suas declarações foram retiradas de contexto e negou a prática de “rachadinha”.
O pedido do PL pode ser enviado ao Conselho de Ética da Casa, que vai deliberar sobre a possível cassação de Janones. Se o conselho aprovar a punição, Janones poderá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
*Fonte: Revista Oeste, com informações da Agência Estado