Caso viralizou entre deputados federais na última semana; invasão ocorreu em outubro, em Parauapebas (PA)
“Alguém por favor me diga que isso é uma montagem”. Foi com essa mensagem que o deputado federal Mauricio do Vôlei (PL-MG) compartilhou na última quarta-feira, 6, vídeo em que militantes do autodenominado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) “convidam” um produtor rural a deixar a fazenda que acabou de ser invadida.
Diferentemente do desejo do parlamentar, o vídeo não representava uma montagem. A situação ocorreu — e teve o MST como protagonista.
Em nota, o grupo invasor de terras confirmou a veracidade do caso que provocou indignação por parte de Mauricio do Vôlei. Em nota, a direção do movimento informa que o “convite” para o trabalhador rural deixar a propriedade ocorreu em 20 de outubro, em Parauapebas, no sudeste do Pará.
Mesmo com críticas por parte do deputado e de outras autoridades, o grupo invasor defende a ação que viralizou nas redes sociais no decorrer dos últimos dias. Apesar do produtor que acabou expulso informar que no local havia criação de gados — ou seja, desempenhava a atividade de pecuária —, o MST afirma que a fazenda invadida era “improdutiva”.
“A área que foi ocupada é um complexo de fazendas que configuram latifúndios improdutivos, de terras griladas”, acusa, sem dar detalhes, o MST. “Os títulos estão sob posse do grileiro de Marabá, Hitalo Toddy e foram trocados por dívidas em negociação duvidosas com a família Miranda.”
De acordo com os invasores de terras, duas mil famílias foram levadas para a fazenda invadida em Parauapebas.
O vídeo em que o MST “convida” produtor a se retirar de fazenda
O material que viralizou nas redes sociais nos últimos dias mostra um senhor que se identifica como membro da “assistência social” do MST “pedindo” para o produtor rural que trabalhava na fazenda invadida se retirar do local. Ele chega a falar que “daria todo apoio” durante o processo de expulsão do trabalhador.
Como o produtor incrédulo, uma mulher confirma que a propriedade havia sido invadida — mas que o MST chama de “ocupação”. Ela ainda afirmou que o trabalhador e a família dele tinham horário máximo para deixar o local: até as 20 horas.
Ao ser informada de que havia cabeças de gado na fazenda, a militante do MST comete ato falho. Ela dá a entender que os animais ficarão sob responsabilidade dos invasores de terras. “Vai ter que deixar do jeito que está”, diz a invasora de terra, que aparece no vídeo de camiseta verde. “A criação de gado, a questão de terra, não compete mais a você e nem ao proprietário dessa terra. Não compete mais a ninguém. Compete a quem está aqui, ‘ocupando’ terra agora.”
Indagada pelo trabalhador se o gado da fazenda invadida passaria a ser de responsabilidade do MST, a militante tenta se corrigir. “A gente não está falando isso”, disse — apesar da frase dita antes, que a criação do local competiria aos invasores. Na sequência, ela reforça que a família do produtor tinha tempo par “se retirar” do local.
Deputado reclama da atitude de invasores de terras
Mauricio do Vôlei não foi o único parlamentar a reclamar do caso em que invasores de terras “convidaram” um produtor rural a deixar o seu local de trabalho. O também deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) reclamou da situação.
Gayer não poupou palavras na hora de externar o que pensa do MST. “Imagine alguém batendo na sua campainha e dizendo: ‘Olá, sua casa agora é minha e você pode sair; vamos dar total apoio pra sua retirada’”, exemplificou o congressista. “Cambada de vagabundos.”
O vídeo divulgado por Gayer no Instagram contabiliza 1,3 milhão de visualizações somente no Instagram.
Ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o ex-deputado Deltan Dallagnol foi outro a reclamar publicamente do que viu. No Instagram, a postagem publicada por ele com o momento do “convite” feito por militantes do MST a um produtor rural registra 1,4 milhão de visualizações.
“Esse é o Brasil do Lula e do PT: MST se apropriando de terras e deixando famílias inteiras sem defesa e sem alternativa”, reclamou Dallagnol. “Avisam apenas que a terra agora está ‘ocupada’ e que você tem poucas horas para se retirar, e ainda tem que deixar o seu gado pra eles. Revoltante!”
A situação protagonizada pelo MST também causou revolta na Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa). Diretor da instituição, Guilherme Minssen afirmou que o direito à propriedade privada precisa voltar a ser respeitado no Brasil.
“O cumprimento da lei e a preservação do direito de propriedade são inegociáveis para a sociedade brasileira”, afirmou o diretor da Faepa, segundo o site do jornal O Liberal. “Não podemos regredir ao sistema de barbárie comandada por marginais travestidos de ‘movimentos sociais’. Exigimos o cumprimento da lei.”
*Fonte: Revista Oeste