Ação da polícia faz parte da Operação Vigilância Aproximada, que diz respeito a um suposto monitoramento ilegal feito pela Abin
Parlamentares da oposição criticaram, nesta quinta-feira, 25, a operação da Polícia Federal (PF) contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Os agentes estiveram no gabinete do parlamentar e em endereços ligados a ele.
A ação da PF faz parte da Operação Vigilância Aproximada, que diz respeito a um suposto monitoramento ilegal feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Conforme apurado, o parlamentar ficou sabendo sobre a operação por meio da imprensa. Ele foi intimado para prestar depoimento à PF ainda hoje. Procurada, a equipe do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não informou se ele foi avisado antecipadamente sobre a presença da PF na Casa.
O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) relembrou a operação da PF contra o líder da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ), e afirmou que “o sistema não quer permitir alternativas”.
“Primeiro foi o Jordy agora é vez do Ramagem”, escreveu Bragança nas redes. “Ambos políticos da oposição, pré-candidatos a prefeito em cidades importantes do estado do RJ. Está óbvio que o sistema dominado por narco-tráfico e corrupção não quer permitir alternativas.”
Sem citar a busca e apreensão contra Ramagem, Jordy cobrou uma “reação” do Congresso Nacional e disse que “a ditadura chegará a todos”.
“A justiça tirou a venda, jogou fora a balança e sobrou apenas a espada”, destacou Jordy no X/Twitter. “Se não houver uma reação do Congresso Nacional para restabelecer as prerrogativas e o equilíbrio, a ditadura chegará a todos, até naqueles que aplaudem a tirania. Ou pensam que o poder tomado será devolvido?”
O segundo vice-presidente da Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que a operação se trata de uma “perseguição” contra o PL para “desgastar” Bolsonaro. “Mais uma ação de perseguição contra o PL e o alvo deles é desgastar Bolsonaro, que está cada vez mais forte”, disse.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) mencionou a pré-candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro e escreveu que “contra fatos não há argumentos”. “Contra fatos não há argumentos”, publicou Nikolas no X/Twitter. “Os urubus estão desesperados com a possibilidade de você se tornar prefeito do Rio de Janeiro. Siga firme.”
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), criticou o “regime” que, segundo ele, avança sobre o Congresso e a oposição. Além disso, destacou que Ramagem é um aliado do ex-presidente.
“O Regime avança sobre o Congresso e a oposição, sem a menor cerimônia nos corredores do parlamento”, escreveu Portinho. “Mais uma liderança do PL, mais um pré-candidato a prefeito — depois de Niterói o Rio. Mais um aliado muito próximo do ex-presidente Bolsonaro; mais um ‘fish expedition‘. Mais uma violência politica e institucional. Harmonia às favas. Não há como crer que vivemos em uma normalidade democrática no Brasil. Fato.”
Entenda a operação da PF contra Ramagem
Além de Ramagem, três servidores da Abin e sete policiais federais são alvo da operação, que foi deflagrada nesta manhã. Policiais federais cumprem 21 mandados de busca e apreensão.
Medidas cautelares também estão sendo aplicadas. Elas incluem a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.
Mais cedo os agentes deflagaram a operação contra o parlamentar e outros investigados. No caso de Ramagem, a polícia esteve em seu gabinete, localizado na Câmara Federal, e no apartamento funcional do parlamentar, em Brasília.
Ramagem, que é delegado da PF, foi diretor-geral, da Abin entre 2019 e 2022. Nesse período, o suposto programa secreto chamado “First Mile” teria sido usado para monitorar a localização de políticos, jornalistas, advogados e adversários de Bolsonaro.
Desse modo, Ramagem deve ser interpelado pelos investigadores se autorizou ou tinha conhecimento dessas ações. Anteriormente, ele negou as irregularidades.
*Fonte: Revista Oeste