Eduardo Bolsonaro relata excessos em operação de busca contra irmão

Para deputado, ‘esse estado de coisas não pode permanecer’

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que uma série de ilegalidades foi cometida durante a operação de busca e apreensão contra seu irmão Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro.

Inicialmente, o parlamentar sugere que a ação, na segunda-feira 29, durante o recesso do Judiciário, foi uma reação à transmissão ao vivo realizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e os filhos Carlos, Eduardo e Flávio, senador pelo Rio de Janeiro na noite de domingo 28. “O mandado de apreensão era datado de hoje, 29 de janeiro”, escreveu Eduardo na segunda-feira 29 em seu perfil no Twitter/X.

“Ou seja, durante o recesso, logo após a super live que pela primeira vez reuniu Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e eu, Alexandre de Moraes [ministro do Supremo Tribunal Federal] escreveu os mandados. Tudo confeccionado entre meia-noite e 6h de hoje”, prosseguiu o deputado.

Em seguida, Eduardo Bolsonaro afirma que o mandado continha problemas técnicos, como o fato de ser genérico e não especificar os bens a serem apreendidos. “O mandado era tão genérico que foi cogitado apreender o celular deste deputado federal e das demais pessoas que porventura estivessem na residência. Foi perguntado se o senador Flávio estava hospedado na casa, respondi que sim. Ao final meu celular não foi apreendido, provavelmente por não haver justificativa para ficar com meu aparelho e não com o do senador junto. Se fossem todos isonomicamente apreendidos poderia haver um conflito com as prerrogativas do senador.”

Computador de assessor de Bolsonaro foi ilegalmente apreendido em operação, diz Eduardo

Eduardo Bolsonaro: ‘Esse estado de coisas não pode permanecer, não pode uma ordem judicial ter uma ampliação dessa forma. Isso é ato ilegal, além de imoral’ | Foto: Zeca Ribeiro /Câmara dos Deputados

Eduardo Bolsonaro também afirma que um laptop e um tablet de Tércio Arnauld, assessor do ex-presidente, também foram apreendidos, mesmo sem que o assessor fosse um dos investigados. “Um abuso”, disse o parlamentar. “O laptop e o tablet continham o nome de Tercio na tela de início e ele desbloqueou os aparelhos diante dos PF. Não adiantou.”

Segundo o deputado, os policiais federais não aguardaram a chegada dos advogados da família e levaram os equipamentos de Arnauld. “Esse estado de coisas não pode permanecer, não pode uma ordem judicial ter uma ampliação dessa forma. Isso é ato ilegal, além de imoral”, escreveu.

Carlos Bolsonaro é investigado por integrar o “núcleo político” de um suposto esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no período em que o deputado federal Alexandre Ramagem era diretor-geral do órgão, no governo Bolsonaro.

*Fonte: Revista Oeste