Operação da Polícia Federal: ‘Reviraram a minha casa toda’, diz Bolsonaro

Em entrevista, ex-presidente da República fala de ação que teve Carlos Bolsonaro como alvo

O ex-presidente Jair Bolsonaro disse, que a Polícia Federal “revirou” sua casa em operação contra seu filho e vereador do Rio de Janeiro (RJ), Carlos Bolsonaro (Republicanos), nesta segunda-feira, 29. O político também criticou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinou a sua inelegibilidade.

Bolsonaro aproveitou a entrevista para comentar a operação contra seu filho. A investigação analisa ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu governo e uma suposta interferência de Carlos. De acordo com o ex-presidente, os agentes chegaram em sua residência, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ), por volta das 7h30 desta segunda-feira.

“Reviraram a casa toda”, contou, em resposta à apresentadora Paula Leal. “Na verdade, estavam atrás de alguma coisa minha, porventura, que se tivesse algo de errado estaria escondendo aqui.”

Bolsonaro estava sem comunicações no momento da operação

O político rechaçou as acusações de ter “fugido” da polícia. Ele contou que havia saído de manhã para pescar na Ponta de Joatinga, junto com Carlos Bolsonaro, onde não há sinal de celular. Ele retornou para sua casa por volta das 9h e recebeu uma ligação no caminho, quando foi informado sobre a operação.

O ex-presidente disse que os policiais apreenderam diversos itens que não eram alvo da operação da PF. Ele destacou a apreensão de seu rascunho de live realizada na noite anterior. Além de levarem o tablet e o notebook de Tércio Arnaud Tomaz, assessor de Bolsonaro em Brasília.

“O meu rascunho, de seis ou sete páginas da live de ontem, também foi apreendido, com a letra de próprio punho minha”, contou Bolsonaro. “Coloquei lá [o que iria comentar na live]. Marielle Franco, caso Venezuela. Coloquei várias questões de como eu responderia no andamento da live.”

Durante entrevista, chamou a atenção para a apreensão de itens de Tomaz. Caso o nome do assessor de Bolsonaro não conste como alvo no mandado de busca e apreensão, a operação pode ser anulada, observou Navarro.

Carlos Bolsonaro foi intimado para prestar depoimento

Carlos Bolsonaro operação PF
Durante ‘superlive‘ do pai, Jair Bolsonaro, Carlos lançou, neste domingo, 28, uma plataforma de formação para políticos e ativistas conservadores | Foto: Reprodução/YouTube/Jair Bolsonaro

Segundo Bolsonaro, Carlos foi intimado para prestar depoimento na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. O depoimento deve acontecer nesta terça-feira, 30. De acordo com o ex-presidente, o seu filho terá que responder pela suposta “Abin paralela”.

Bolsonaro aproveitou a entrevista para comentar a decisão do TSE de torná-lo inelegível, ou seja, proibi-lo de disputar eleições pelo período de oito anos. “Entendo que sou uma liderança, apesar da inelegibilidade, que no meu entender foi julgamento completamente injusto”, disse. “Se for comparar com a Dilma, que foi cassada e foi mantido a sua legibilidade.”

Ele também disse que deve continuar na política, apesar das decisões do TSE. “Agora, pretendo participar do futuro do meu país porque tenho uma filha de 13 anos que está nesse caminho”, comentou Bolsonaro. “Não quero que ela pegue um Brasil pior do que eu peguei.”

A operação da PF

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira, operação para apurar ações da Abin durante o governo Bolsonaro. Um dos alvos da operação foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro, o “zero-dois”.

As ações de busca e apreensão foram autorizadas tanto para a residência quanto para o gabinete de Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Na quinta-feira 25, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afirmou que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Entre as autoridades supostamente espionadas estariam a ex-deputada federal Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia.

De acordo com a PF, a agência teria sido “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente uma série de autoridades e pessoas envolvidas em investigações, além de desafetos do ex-presidente da República.

O suposto uso indevido da Abin teria ocorrido quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem. Hoje deputado federal, ele é o pré-candidato do PL, partido que tem Jair Bolsonaro como presidente de honra, a prefeito do Rio de Janeiro.

*Fonte: Revista Oeste