Dupla de criminosos chegou a ser detida por tráfico de drogas, mas deixou a cadeia pela porta da frente — e com aval da Justiça
Se o Brasil não contasse com a regra da “saidinha” temporária da cadeia, o cabo José Silveira dos Santos, da Polícia Militar (PM) de São Paulo, não teria sido assassinado em Santos (SP), na quarta-feira 8. Os dois criminosos que atiraram contra o agente de segurança estavam nas ruas graças ao benefício, apesar de condenações por tráfico de drogas.
José de Sousa Lima foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado, em 2019, pelos crimes de associação ao tráfico e tráfico de drogas. Ele, no entanto, deixou a prisão pela porta da frente — e com aval do Poder Judiciário do país — em setembro de 2022, sendo beneficiado pela “saidinha”. Não voltou para cadeia e estava foragido desde então.
Gabriel Oliveira dos Passos foi condenado em 2014, em processo no qual respondeu por tráfico de drogas. Apesar da sentença que resultou em pena de cinco anos e seis meses de prisão, permaneceu encarcerado por apenas três anos. Graças à saída — que deveria ser temporária — em razão do Dia das Mães de 2017, ele não havia voltado mais para a cadeia.
Depois de atirarem contra o cabo Silveira dos Santos, Lima e Passos se tornaram alvo da polícia. Lima morreu ao tentar escapar — pulou da janela do 4º andar de um prédio. Passos acabou internado depois de ser baleado por oficiais.
Beneficiados por “saidinha” mataram policial
O cabo José Silveira dos Santos morreu durante o trabalho. Ele foi baleado na lateral do abdômen enquanto realizava serviço de patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, na zona noroeste de Santos. Aos 46 anos, o policial integrava o 2º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar paulista. Silveira dos Santos deixa a mulher e duas filhas, gêmeas, de um ano.
“Que a família encontre forças para superar essa tragédia”, lamentou a PM, em postagem nas redes sociais. “E que a Justiça seja implacável para que os responsáveis por estes atos covardes sejam devidamente responsabilizados.”
Na mesma ação criminosa protagonizada pela dupla que estava nas ruas graças à “saidinha”, um sargento da PM, que não teve o nome divulgado, foi baleado. Atingido na cabeça, ele segue internado na Santa Casa de Santos.
A onda de ações contra policiais fez com que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) deflagrasse uma nova etapa da Operação Escudo. Com três mortes de agentes no decorrer das últimas duas semanas, o titular da pasta, Guilherme Derrite, transferiu o gabinete para Santos. A decisão ocorreu horas depois da confirmação do assassinato de Silveira dos Santos.
Em meio à nova fase da Operação Escudo, a SSP-SP anunciou recompensa de R$ 50 mil por informações que levem a Kaique Coutinho do Nascimento, de 21 anos. Conhecido como “Chip”, ele é apontado como autor dos disparos que mataram o soldado Samuel Wesley Cosmo, na última sexta-feira, 2, também em Santos. A denúncia pode ser feita por meio do telefone 181 e pela internet, via página Web Denúncia.
Cosmo era integrante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), que fazem parte da tropa de elite da PM paulista. O corpo do soldado foi enterrado no Cemitério do Araçá, na zona oeste da cidade de São Paulo. O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à cerimônia fúnebre.
*Fonte: Revista Oeste