Em editorial, o jornal destaca o ‘sonho antigo’ de Lula de ter um ministro do STF com ‘cabeça política’
Em editorial publicado nesta sexta-feira, 9, com o título “Notória ignorância ética”, o jornal Estadão faz uma crítica à indicação de Flávio Dino (PSB-MA) como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), destacando o que chamou ser um “sonho antigo” de Lula de ter um ministro da Corte com “cabeça política”. A publicação descreve a presença, sem cerimônia, do ex-chefe da Justiça nos bastidores dos Três Poderes.
O jornal afirma que “o presidente Lula da Silva não indicou ao STF seu amigo, correligionário, ex-ministro da Justiça e senador Flávio Dino por seu relativamente desconhecido saber jurídico, e sim por seu notório saber político”.
O texto destaca que, ao ter seu nome referendado pelo Senado, Dino não teria cumprido o decoro de “engavetar o figurino político” para “confeccionar o figurino judiciário”. Ao invés disso, o ministro, durante o intervalo de tempo entre passar o bastão da pasta da Justiça para Ricardo Lewandowski e assumir a toga na Corte, correu ao Senado para propor “projetos”.
O editorial lembra ao seu leitor que tal atividade poderia ter sido realizada pela suplente de Dino no Legislativo: “Cuja notória atividade política, por sinal, é ser mulher de um deputado estadual companheiro de Dino”, diz o texto.
A publicação refere-se à enfermeira Ana Paula Lobato (PSB-MA) , eleita primeira-suplente de Dino no Senado e mulher do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, o deputado estadual Othelino Neto (PCdoB-MA).
A “ignorância ética”
Ao chamar de “ignorância ética”, o Estadão sugere que as ações de Dino são como se “o ego não coubesse num só Poder”.
O texto elenca a atuação do ministro no comando do Ministério da Justiça, como, por exemplo, sua “Operação de Garantia da Lei e da Ordem” e seu “Programa de Enfrentamento às Organizações Criminosas”; e afirma terem obtido “resultados ineficazes”, não passando de projetos de “populismo”, “que não toca as causas do problema”.
A Corte ideal
Depois de uma breve retrospectiva sobre outros momentos protagonizados por Flávio Dino no cenário político recente, o Estadão encerra sua crítica ao dizer que o novo ministro do Supremo tem “a incompreensão de suas funções públicas” e aponta para o que seria o ideal na Corte brasileira.
“Num momento de tensionamento institucional e insatisfação da sociedade com a politização da Corte e com o protagonismo individual e a falta de exemplaridade de seus integrantes, o ideal seria um novo ministro discreto, técnico, rigorosamente avesso às disputas partidárias e ao exibicionismo das mídias sociais”.
*Fonte: Revista Oeste