‘Não esqueceremos nem perdoaremos’, escreveu o chanceler Israel Katz, ao condenar as declarações do presidente brasileiro contra seu país
O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é persona non grata no país. Em comunicado na manhã desta segunda-feira, 19, Tel-Aviv condenou as declarações do petista, que comparou a contraofensiva israelense em Gaza ao extermínio de 6 milhões de judeus.
“Não esqueceremos nem perdoaremos”, escreveu o chanceler Israel Katz, em mensagem à diplomacia brasileira. “Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse.”
No domingo 18, durante entrevista coletiva na Etiópia, o presidente acusou Israel de cometer genocídio em Gaza. Para Lula, a reação israelense é similar ao morticínio praticado pelo ditador nazista Adolf Hitler.
O recado de Katz segue a onda de repúdio que teve início logo depois das declarações do petista. O presidente do Yad Vashem, mais importante memorial sobre o Holocausto, qualificou as afirmações de Lula como ultrajantes. “É extremamente decepcionante que Lula tenha recorrido à distorção do Holocausto e à propagação de sentimentos antissemitas”, lamentou Dani Dayan, em comunicado.
Confederação Israelita do Brasil condena declarações de Lula
Em entrevista a Oeste, o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, classificou as declarações de Lula “lamentáveis” e “fruto de ignorância”.
“É mais ignorância do que outra coisa”, disse o presidente do Conib. “É frustrante, porque o presidente Lula tem ambições de desempenhar um papel relevante no cenário geopolítico internacional. Mas conseguiu uma única coisa: uma manifestação do Hamas, que aplaudiu suas falas.”
Segundo Lottenberg, o apoio do Hamas é prejudicial ao presidente e ao Brasil. “Lula acabou sendo reconhecido por uma organização terrorista que sabe sequestrar, matar e colocar crianças vivas dentro de fornos”, afirmou. “Esse grupo é composto de criminosos. É uma pena que o nosso presidente seja aplaudido por esse tipo de pessoas. É lamentável.”
Menção ao nazismo revolta instituições judaicas
Instituições ligadas a Israel condenaram o discurso em que Lula comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, promovido pelo nazista Adolf Hitler. Emitiram comunicados o Instituto Brasil-Israel, a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) e a StandWithUs.
O Instituto Brasil-Israel afirmou que a declaração de Lula “é um erro grosseiro, que infla tensões e mina a credibilidade do governo brasileiro como um interlocutor pela paz”. “Não há paralelo histórico a ser feito com a guerra em reação aos ataques do Hamas”, observou.
Já a Fierj destacou que Israel e os judeus “não são genocidas”. A federação ainda chamou a comparação ao nazismo de “descabida” e cobrou do governo brasileiro a libertação de reféns.
“Fazer uma comparação como essa reforça a visão distorcida sobre quem são os judeus e as reais causas da guerra, porque Israel foi atacado pelo grupo terrorista Hamas”, constatou a Fierj. “Diante de tudo isso, não é possível que os governantes brasileiros não tenham, efetivamente, feito gestos para condenar o verdadeiro terrorismo imposto pelo Hamas, mesmo havendo dentre as vítimas brasileiros.”
A StandWithUs, instituição educacional sobre Israel, também comentou o assunto e classificou o discurso de Lula como “desastroso”. Para a entidade, “é evidente seu profundo desconhecimento” sobre a Segunda Guerra Mundial e sobre o conflito histórico entre Israel e os palestinos.
“O presidente Lula ultrapassou neste domingo todos os limites”, declarou a entidade, em nota. “Atacou Estado judeu com uma declaração infame, que envergonhará o Brasil por muito tempo.”
*Fonte: Revista Oeste