Presidente brasileiro passou a ser considerado persona non grata pelo governo israelense
Em resposta às críticas internacionais e à crise diplomática com Israel, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta sexta-feira, 23, suas críticas as ações israelenses na Faixa de Gaza. Ao participar de evento na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, ele acusou o Estado judaico de praticar “genocídio”.
Além disso, o petista reiterou a comparação as ações das Forças de Defesa de Israel (FDI) contra o grupo terrorista Hamas, que tem base em Gaza, ao Holocausto. Trata-se de período da Segunda Guerra Mundial em que 6 milhões de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista. Durante discurso no evento da Petrobras, o presidente brasileiro ainda defendeu a criação de um Estado palestino.
“Sou favorável à criação de um Estado Palestino livre e soberano que possa viver em harmonia com o Estado de Israel”, disse Lula, que na sequência criticou as FDI. “O que o governo de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinadas.”
O petista rechaçou as críticas do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que o declarou persona non grata depois da comparação com o Holocausto, feita originalmente no último domingo, 16, durante coletiva de imprensa em Adis Abeba, capital da Etiópia. “Não tentem interpretar a entrevista que eu dei”, pediu Lula. “Leiam a entrevista e parem de me julgar a partir da fala do primeiro-ministro de Israel.”
“Não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças dentro dos hospitais”, prosseguiu presidente brasileiro. “Se isso não é genocídio, não sei o que é genocídio.”
Criticas à ONU
Lula também criticou o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) por sua inação na resolução do conflito que ocorre desde 7 de outubro, data em que terroristas do Hamas invadiram o território israelense para estuprar, matar e sequestrar centenas de civis. “O Conselho de Segurança da ONU não representa nada”, disse. “Não toma decisão em nada e não faz paz em nada.”
Fora as críticas a Israel, o presidente questionou o poder de veto dos cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU: Reino Unido, China, Rússia, Estados Unidos e França. Nesse sentido, defendeu uma postura mais plural na organização. “A lógica da ONU não é agir de forma democrática.”
“A gente não pode aceitar a guerra na Ucrânia“, disse Lula, criticando o que chamou de “hipocrisia” na classe política internacional. “Como não pode aceitar a guerra em Gaza e nenhuma guerra.”
Falas de Lula geram crise diplomática com Israel
As declarações de Lula sobre a guerra na Faixa de Gaza provocaram uma crise diplomática entre Brasil e Israel. O governo israelense considerou as falas “vergonhosas” e “negacionistas do Holocausto”. Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro classificou o tratamento dado ao petista como “insólito”.
Como resposta à crise, o Brasil retirou temporariamente seu embaixador em Israel, Frederico Meyer. Além disso, o governo brasileiro convocou o representante israelense em Brasília, Daniel Zonshine, para uma conversa.
Petista comparou ação em Gaza ao Holocausto
A crise diplomática teve início no último fim de semana, quando Lula comparou a guerra travada pelas FDI contra o Hamas ao Holocausto. “O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico”, disse o presidente brasileiro. “Aliás, teve sim, quando Hitler resolveu matar os judeus.”
Apesar de Israel ter sido invadido por terroristas, que até hoje mantêm mais de cem civis como reféns em Gaza, Lula passou a criticar o Estado judaico, acusando o país de “terrorismo” e “genocídio”.
A comparação com o Holocausto foi considerada inaceitável por Israel, que declarou Lula persona non grata e exigiu retratação — o que não aconteceu. O governo brasileiro, por sua vez, defendeu o direito de Lula à liberdade de expressão e reiterou sua posição de apoio à solução de dois Estados para o conflito.
*Fonte: Revista Oeste