O recorde da proliferação da doença coincide com temperaturas acima da média na Região.
No Rio Grande do Sul, a cidade turística de Caçapava nunca havia registrado um caso de dengue em toda a sua história. Porém, em 2023, um total de nove moradores foram contaminados pela doença, dos quais sete eram casos autóctones — quando o contágio ocorre na própria localidade do infectado.
Os números representam um marco no avanço do Aedes aegypti pelo Brasil, o que pode ser explicado em parte pela facilidade de adaptação do mosquito. O novo avanço da doença pelo país elevou o registro de casos em localidades que até então nunca haviam registrados casos de dengue.
De acordo com o Ministério da Saúde, o número de casos da doença já atingiu 95% do conjunto de 5.568 municípios brasileiros — no ano passado o percentual foi de 88%. Há dez anos, em 2004, apenas 36% das cidades do Brasil registraram casos da doença.
E segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, mais de 2,6 milhões de casos foram identificados no país até o início de abril deste ano.
Dengue espalha-se pelo Sul do Brasil
O verão mais quente da história contribuiu para a proliferação da doença. Isso porque o mosquito precisa de água parada para se reproduzir. Na cidade de Uruguaiana, RS, foi registrado o recorde de 42,9ºC no dia 14 de janeiro — que coincidiu com o crescimento também recorde dos casos da doença.
Conforme dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), até o fim de março de 2024, o total de casos já era 20% superior ao conjunto total dos registros de 2023.
A agente de combate às endemias da Secretaria da Saúde de Caçapava do Sul, Patrícia Barreto Mendonça, disse que até março houve apenas três casos, mas nenhum era autóctone.
“Sabemos que o mosquito está aqui há pelo menos dez anos e é visível que a infestação está crescendo”.Patrícia Barreto Mendonça.
E de acordo com o governo do Rio Grande do Sul, em 2023 o Estado registrou casos de dengue em todas as semanas epidemiológicas do inverno — isso nunca havia sido observado antes.
“Nosso inverno foi marcado por períodos intercalados de dias frios, seguidos de dias com temperaturas elevadas e chuvas. Tivemos ainda a influência do El Niño com temperaturas e chuvas acima da média, fatores esses favoráveis para o desenvolvimento do mosquito”. Secretaria de comunicação do Rio Grande do Sul.
Como o mosquito não tem capacidade para percorrer grandes distâncias — raramente ultrapassando 1 quilômetro —, as autoridades afirmam que o inseto pega carona nos meios de transporte humanos. Por isso, hoje há intensa fiscalização em rodoviárias. A orientação para eliminar todos os focos de água parada permanece.
*Fonte: Revista Oeste