‘Crise sanitária’ e ‘fracasso’: Folha critica falta de ações do governo contra a dengue

O jornal destacou os alertas feitos pela OMS em 2023 sobre o aumento da doença em função do fenômeno El Niño

Em editorial publicado nesta terça-feira, 9, a Folha de S.Paulo criticou a “inação do governo federal” diante da “crise sanitária” causada pela dengue, que atingiu números alarmantes nas primeiras semanas de 2024 e quebrou o recorde da série histórica iniciada em 2000.

O jornal paulista destacou que, até esta segunda-feira, 8, a doença já havia matado 1.116 pessoas, ultrapassando o total de óbitos de todo o ano anterior. Além disso, foram registrados 2,96 milhões de casos prováveis, sendo 1,66 milhão em 2023.

A Folha ressaltou que as responsabilidades também se estendem a Estados e municípios.

As mudanças climáticas intensificadas pelo fenômeno El Niño contribuíram para a calamidade. Mas teve aviso prévio, lembrou o jornal. A Organização Mundial da Saúde (ONU) emitiu dois alertas desde o início do ano passado a fim de preparar os governos de países tropicais.

Mosquito da dengue
O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, passa por quatro estágios de desenvolvimento: ovo (depositado em água parada), larva, pupa e adulto | Foto: Reprodução/@combatedengueendemias

No entanto, conforme observação da Folha, o Ministério da Saúde “pouco fez para se preparar para o problema”.

O texto sugere, por exemplo, que o governo petista poderia ter agilizado a distribuição da vacina Qdenga pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023, considerando o fato de que são necessárias duas doses num intervalo de três meses; além de ter podido criar uma campanha informativa mais ampla e alocado mais recursos para as redes de saúde.

Outra ponto levantado na análise foi o fato de, segundo a Folha, o governo não ter dado uma atenção especial às populações do Sul e do Sudeste, historicamente menos expostas aos sorotipos do vírus da dengue, devido ao clima mais temperado e, portanto, “mais vulneráveis”.

O jornal conclui que a crise de dengue no Brasil não pode ser atribuída apenas à natureza, mas também “à falha de gestão”, e destaca a importância de medidas preventivas e de preparação para o futuro.

“A contaminação tende a arrefecer a partir de maio, mas recomeçará no próximo verão”, escreveu. “Considerando que, até lá, o mundo ainda estará sob os efeitos das mudanças climáticas, os três níveis de governo precisam estar preparados.”

*Fonte: Revista Oeste