Jornais analisam por que o presidente só conseguiu reunir uns ‘gatos pingados’ em evento do Dia do Trabalho
A foto do presidente Lula (PT) diante de uns “gatos pingados”, em pleno 1º de Maio, na capital paulista, é “a imagem do fracasso”, segundo editorial do jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira, 3. Pouco mais de 2 mil pessoas acompanharam a cerimônia. Para o veículo, o petista “não tem conexão com os trabalhadores do século 21”.
O texto afirma que a imagem escancara: “A agenda política da esquerda – e a do PT, em particular – se desvela vazia”. “Tanto quanto a minguada plateia reunida na quarta-feira no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste da capital paulista; pouca gente se abalou a ouvir o que Lula tinha a dizer no Dia do Trabalho”.
Diante da cena “desoladora”, Lula resmungou: “O ato está mal convocado, nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”.
Segundo a publicação, o problema é que o Brasil é governado por um presidente que não viu o tempo passar. “Lula ainda pensa como o sindicalista que eletrizava os trabalhadores com seus discursos na Vila Euclides, São Bernardo do Campo (SP), no fim dos anos 1970”, avaliou o Estadão.
O texto afirma que o mundo passou por grandes mudanças desde que o petista chegou à Presidência pela primeira vez, há mais de 20 anos.
“Houve transformações profundas não só das relações de trabalho, mas também, e principalmente, na visão que os próprios trabalhadores passaram a ter de seus meios de subsistência”, analisa.
Mas, de acordo com o editorial, nem Lula nem o PT enxergam isso. “Basta dizer que reduziram o fiasco do 1º de Maio a um problema de ‘comunicação’”.
‘Um fiasco’
Na análise da Folha de S.Paulo, a comemoração do Dia do Trabalho patrocinada pelas centrais sindicais governistas na capital paulista, que contou com a presença de Lula, se resume a “um fiasco”.
O mandatário mal disfarçou seu incômodo com a “meia dúzia de gatos pingados” que se dispôs a compor a plateia no feriado ensolarado.
“Lula reclamou da falta de mobilização do governo para atrair mais público; o desabafo, como num ato falho psicanalítico, revela o mecanismo por trás da ruína do sindicalismo brasileiro”, disse a Folha.
O jornal reconhece que a direita se apresenta como a única corrente no Brasil atual capaz de mobilizar multidões espontaneamente em suas manifestações.
“A esquerda perdeu as ruas, e isso deveria soar como alerta máximo nas hostes do lulismo”, avisou. “Ou as forças políticas em torno do PT se atualizam, inclusive nos temas relacionados ao trabalho, ou correrão mais riscos de ser derrotadas nas próximas eleições.”
*Fonte: Revista Oeste