Preocupação de investidores está na interferência política na estatal
Como esperado, o mercado financeiro está reagindo mal à demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras pelo presidente Lula (PT), anunciada na noite desta terça-feira, 14.
Antes mesmo do início do pregão no Brasil, os papeis da estatal negociados em Nova York já despencavam mais de 9% nesta quarta-feira, 15.
O anúncio da saída de Prates aconteceu um dia depois da divulgação do balanço da petroleira, que teve queda de 38% no lucro líquido no primeiro trimestre.
O cargo deve ser assumido pela engenheira Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff.
Mas o incômodo dos investidores não é exatamente sobre a queda de Prates e nem mesmo sobre a indicação de Chambriard, e sim a bruta interferência política na estatal.
Por aqui, o dia também promete ser agitado para o Ibovespa e para os mercados de juros e câmbio, que também devem reagir à saída de Prates.
O conselho de administração da Petrobras se reúne às 11h para debater a escolha de um presidente interino, já que a sucessão do comando da companhia deve demorar cerca de dois meses.
Saída de Prates da Petrobras era rumor
A queda de Jean Paul Prates acontece depois de um mês de boatos da demissão do executivo, em um imbróglio que vinha se arrastando entre membros do governo sobre o pagamento de dividendos extraordinários relativos a 2023.
Na ocasião, o nome de Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), chegou a ser cotado para o cargo.
Em março, o conselho de administração da petroleira aprovou a distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos. O anúncio repercutiu mal entre investidores e evidenciou percalços entre o executivo e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O conselho de administração reviu a decisão e, no fim do mês passado, aprovou a distribuição de R$ 21,9 bilhões, correspondentes a 50% de dividendos extraordinários.
Com a demissão, a Petrobras anunciou que Prates também irá renunciar à cadeira no colegiado da estatal.
O executivo estava no comando da empresa desde o início do governo Lula, em 2023.
*Fonte: Revista Oeste