Vice-presidente assume governo do Irã interinamente depois da morte de Ebrahim Raisi

País prepara sucessão; eleições devem ser realizadas em 50 dias

Depois do acidente aéreo no último domingo, 19, que matou o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, o aiatolá Ali Khamenei anunciou luto nacional de cinco dias e nomeou o vice-presidente Mohammad Mokhber como líder interino, conforme determina a Constituição do país.

Raisi, que tinha 63 anos, era visto como possível sucessor do aiatolá Ali Khamenei, que tem 85 anos. Depois da confirmação de sua morte nesta segunda-feira, 20, o Irã iniciou um processo de sucessão que envolve uma liderança interina e a realização de eleições em menos de dois meses.

Em um pronunciamento que estabeleceu luto nacional, Khamenei declarou que o vice-presidente, Mohammad Mokhber, assumirá temporariamente a presidência. Mokhber, 68 anos, é visto como um líder conservador.

Em conjunto com os líderes dos Poderes Legislativo e Judiciário, ele fica responsável por organizar uma nova eleição presidencial no prazo máximo de 50 dias.

Futuro político do Irã e possíveis candidatos

Ebrahim Raisi presidente do Irã acidente aéreo
Ebrahim Rais morreu em uma queda de helicóptero no domingo, 20 de maio | Foto: Reprodução/Instagram

Segundo especialistas, a eleição iminente provavelmente não mudará a orientação política do Irã. A facção linha-dura, associada aos grupos religiosos, deve manter o poder. Analistas e acadêmicos ligados ao establishment de Teerã indicam que Mojtaba Khamenei, filho do aiatolá, pode ser um candidato a suceder Raisi como líder supremo.

Contudo, a escolha de Mojtaba para o cargo iria contra uma tradição da Revolução Islâmica, que rejeita qualquer forma de governo que se assemelhe à monarquia deposta em 1979. Mojtaba nunca ocupou cargos públicos e é raramente visto publicamente, motivo pelo qual se desconhece sua popularidade. Ainda é incerto se ele buscará o poder através de eleições.

Embora se espere que a eleição favoreça os setores ligados ao regime dos aiatolás, analistas cogitam a possibilidade de manifestações de descontentamento popular, com protestos violentos. Ele acredita ser “pouco provável” que tais protestos representem um desafio significativo para as forças de segurança ou para a estabilidade do regime.

*Fonte: Revista Oeste