Mulher trans do CV, “Madame Satã” pega 18 anos por tráfico e tortura em MT

Liderança da facção criminosa em Juína, ela espancou um ex-namorado por ameaçar uma grávida

O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, condenou Roberta Pereira de Lima, conhecida como “Madame Satã”, a 18 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, tortura e organização criminosa. Ela é uma mulher trans registrada civilmente como Robson Pereira de Lima, e uma liderança local do “Comando Vermelho” em Juína (750 Km de Cuiabá).

A decisão do juiz foi publicada na última quinta-feira (23). Além de “Madame Satã”, também foram condenados Alisson Rodrigues da Costa, o “Talibã”, Alex da Silva Costa, vulgo “Gordo”, ambos a 16 anos e 8 meses de prisão. Completam a lista de sentenciados Mario Henrique de Lima e Gustavo Alves Gomes, chamado de “Barão”, que pegaram, cada um, 12 anos e 1 mês.

Todos os faccionados irão cumprir a pena em regime inicial fechado e não poderão recorrer em liberdade. Nos autos, o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra reconheceu a ocorrência dos crimes em Juína, com conexões também em Brasnorte (540 Km de Cuiabá).

“Com efeito, é dos autos que os acusados utilizaram as armas de fogo que possuíam para executar as torturas, intimidando as vítimas e potencializando a possibilidade de executá-las caso assim decidissem”, analisou o magistrado.

O processo revela que no início de 2023, um faccionado – que teve um relacionamento amoroso com “Madame Satã”, e estaria ameaçando uma ex-namorada grávida -, e o filho de uma suposta traficante do PCC, facção rival do CV, foram alvos de um “salve” (tortura).

“Véi ele tremia, ele tremia, ele chorava, pedia perdão, pedia misericórdia eu disse porra o que menino, eu meti a mão na boca dele, eu cheguei rufano a capacetada na cara dele, descontei toda a raiva, falei você vai oprimir mulher grávida vagabundo, ameaçá!”, revela uma conversa telefônica entre “Madame Satã” e uma amiga, interceptada pela polícia.

Segundo os autos, as vítimas do salve não chegaram a ser mortas. Os condenados ainda podem recorrer da decisão.

*Fonte: FolhaMax