Militante sem-terra ameaça servidor público: ‘Encho de bala’

Depois do episódio, o Incra acionou a Polícia Militar, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal

O militante Gilvan Emidio da Silva, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ameaçou de morte um servidor federal do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) dentro da superintendência do órgão em Alagoas.

As ofensas ocorreram na presença do superintendente do Incra no Estado, Junior Rodrigues do Nascimento, e foram registradas em vídeo. Na gravação, o militante do MST se exalta enquanto toma um café.

“Estão brincando com a verdade”, disse, sem deixar claro o motivo da revolta. Ele ainda perguntou: “Por que não me mataram antes?”.

Depois do episódio, o Incra acionou a Polícia Militar, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. A gravação do ocorrido foi entregue às autoridades, e a Advocacia-Geral da União (AGU) já trabalha nas medidas judiciais necessárias.

Ameaças na superintendência do Incra

Emidio se dirigiu à sala onde está o servidor e iniciou as ameaças. “Tu sabe que me deve, não sabe? Tu sabe que deve à gente, não sabe? Se eu quiser encher tua cara de bala aqui, agora, a gente enche tua cara de bala, viu?”, diz o sem-terra. Ao perceber que está sendo filmado, ele se irrita ainda mais.

“É pra filmar mesmo”, instigou o militante. Eu não tenho medo, não”, grita. “O que eu tô falando, eu não tenho medo de fazer, não. Se eu for bandido igual a você, eu mato você aqui dentro. Eu mato você aqui dentro”, esbraveja Emidio. “Eu sou um homem, não sou bandido, não. Estão querendo me tornar bandido aqui dentro. Quer que eu entre na gangue? Qual é a que você quer? PCC? Comando Vermelho? Qual é a que você quer? Seu idiota! Seu idiota! Seu merda!”, continuou.

‘Inadmissível’

O deputado federal Fabio Costa (PP-AL) expressou sua indignação com o ocorrido. Ele lamentou a situação enfrentada pelo servidor e exigiu uma investigação rigorosa. “É inadmissível que nossos servidores públicos sejam expostos a tamanha violência, pois fazem o seu trabalho de forma íntegra, com uma alta demanda, e ainda recebem ameaças gratuitas”, condenou.

O parlamentar disse ainda que é preciso dar uma resposta imediata contra o militante. “Espero que as autoridades tomem as medidas cabíveis diante deste crime, que foi registrado em vídeo”, observou. “Tais ameaças contra a vida de trabalhadores no exercício da função não podem ser toleradas”, disse o deputado.

Posição do Incra

Em nota, o Incra em Alagoas afirmou que o sem-terra “é recorrente em atos de perturbação da ordem pública e tem causado prejuízos às atividades do Incra, sempre se utilizando de agressões e ameaças”.

Leia abaixo a íntegra da nota:

“No dia 14 deste mês de maio, o assentado Gilvan Emidio da Silva agrediu verbalmente e ameaçou de morte um servidor do Incra, no seu local de trabalho. Aos gritos e de forma violenta, destratou o servidor na presença do superintendente e de outros servidores, num ato injustificável de desrespeito e ameaça.

Essa pessoa já é recorrente em atos de perturbação da ordem pública e tem causado prejuízos às atividades do Incra, sempre se utilizando de agressões e ameaças. Já sofreu várias intervenções policiais solicitadas pelo Incra, mas reincidiu diversas vezes. Desta vez, ele ultrapassou todos os limites toleráveis.

O servidor, com o apoio da Superintendência, acionou, de imediato, a Polícia Militar, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, apresentando as provas e as testemunhas do ato criminoso. Uma nota de repúdio e solidariedade foi assinada pelos servidores do Incra e encaminhada a todas as instâncias administrativas e jurídicas. A Superintendência do Incra acionou e tem mantido contato permanente com a Advocacia Geral da União (AGU), que já trabalha as medidas judiciais pertinentes contra o agressor.

A Superintendência do Incra, por meio de seu superintendente Júnior Rodrigues, repudia com veemência tal conduta afrontosa e criminosa contra um servidor da autarquia. Esse crime foi contra todos os servidores do Incra, que trabalham pelo bem comum, pela justiça social e pela reforma agrária. Tais atitudes jamais serão toleradas, pois não se pode admitir que condutas semelhantes sejam tidas como normais. A partir de todas as medidas já em andamento, o agressor será punido conforme a lei.”

*Fonte: Revista Oeste