José Marison de Barros Costa se recusou a sair de casa, em Canoas; o município foi o que mais registrou mortes
As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram marcas profundas na vida de muitos moradores do Estado. Um exemplo é José Marison de Barros Costa, um aposentado de 72 anos, que morreu em razão do avanço das águas. Ele é mais um entre as 172 vítimas da tragédia.
Segundo a filha, Daniela Costi, o pai morreu porque demorou tempo demais para deixar a casa. Ela soube da morte dele por uma mensagem de celular, que informava que José Marison de Barros Costa constava na lista de óbitos divulgada pela Defesa Civil Estadual.
De acordo com o portal g1, ao receber o nome do pai na lista de mortos, Daniela seguiu para o Instituto Geral de Perícias, em Porto Alegre. Segundo a filha, o corpo já estava em estado de decomposição. O caixão permaneceu lacrado.
“Fizemos o reconhecimento do corpo, e era ele”, lamenta Daniela. “Morreu afogado nas enchentes próximo a casa dele. Ele saiu de casa tentando se salvar e morreu afogado.”
A angústia provocada pelas enchentes
Preocupada, Daniela solicitou resgate. A ajuda demorou a chegar. “Eles foram muitos dias depois na casa de meu pai e relataram que ele não estava mais lá”, contou. “Então, ou ele estava em um abrigo, ou estava morto.”
As duas primeiras semanas de maio foram de angústia e incerteza para os familiares de José Marison. Daniela fez um boletim de ocorrência de desaparecimento, na esperança de que o pai tivesse sido resgatado das enchentes.
José morava com o outro filho, Flávio, que estava abrigado em Eldorado do Sul, onde trabalha. Flávio não conseguia voltar para casa em virtude das enchentes.
Apesar dos pedidos dos familiares, o aposentado decidiu permanecer em casa, na Rua Araçá, porque acreditava que “a água não iria subir”.
“Toda a família ligou para ele e pediu para que ele saísse de casa”, revelou Daniela. “Mas ele achava que não seria tanta água, a ponto de se tornar a maior enchente da cidade de Canoas.”
Quem era José Marison de Barros Costa
Depois de trabalhar por 45 anos como servente de obras, José se aposentou. Ele era natural do distrito de Camobi, em Santa Maria. Segundo Daniela, ele criou os filhos sozinho, depois de ser abandonado pela mulher dele.
“Ele foi um pai super incrível, um super avô, muito dedicado, muito amoroso, muito responsável”, recorda Daniela. A filha conta que José sempre se orgulhou de ter filhos trabalhadores como ele.
Impacto da tragédia em Canoas
As enchentes deixaram um rastro de destruição e prejudicou 44% da população de Canoas. O município está entre as cidades com maior porcentagem da população em domicílios particulares atingidos, atrás apenas de Eldorado do Sul, que teve 80,8% da população atingida, e Muçum, com 66,3%.
As informações foram divulgadas pelo governo estadual em 30 de maio. Canoas lidera como a cidade com mais óbitos confirmados no Estado gaúcho. Segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual na manhã deste domingo, 2, o município tem 30 mortes confirmadas.
*Fonte: Revista Oeste