Comissão da Câmara aprova projeto que proíbe desapropriação de terras produtivas

Texto vai na contramão da decisão do Supremo Tribunal Federal

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, 5, o Projeto de Lei (PL) 4357/23, que proíbe a desapropriação de terras produtivas para a realização de reforma agrária. Agora, o PL será analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

De autoria do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS), o texto foi relatado pelo deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS). A proposta pretende alterar a lei que disciplina a reforma agrária no Brasil.

Além disso, o texto vai na contramão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite a desapropriação de terras produtivas desde que os locais não cumpram sua função social.

No entanto, segundo o autor do texto, a decisão do STF pode gerar instabilidade social no campo. “A desapropriação de terras produtivas pode provocar conflitos sociais, uma vez que os proprietários dessas terras se sentirão prejudicados”, observou o deputado.

Em seu relatório, Van Hattem argumentou que dados do Incra mostram que o Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) já incorporou cerca de 88 milhões de hectares de terras.

“Sob outro ângulo, toda a área de plantio do país tem em torno de 80 milhões de hectares, 8 milhões de hectares a menos do que a área destinada à reforma agrária”, continuou. “Ou seja, existe mais área no PNRA do que o espaço ocupado por todo o plantio agrícola no Brasil.”

Além de criticar a decisão do STF, dizendo que a Corte “vem usurpando a competência do Congresso” “em desrespeito” aos deputados, Van Hattem ressaltou que o Incra “não possui dados oficiais sistematizados sobre a eficiência e a produção” nas áreas ocupadas.

“A produtividade gera emprego, renda e alimentos”, continuou. “Quando o proprietário de uma área descumpre alguma regra, é claro, deve sofrer as devidas sanções. No entanto, a ninguém interessa que a produtividade seja interrompida, tendo em vista os benefícios que gera.”

*Fonte: Revista Oeste