Balanço entre despesas e arrecadação alcançou 9,41% do Produto Interno Bruto (PIB)
O aumento dos gastos do governo Lula e a taxa de juros colocaram o déficit nominal do Brasil em uma trajetória de deterioração. Até abril, o balanço entre despesas e arrecadação alcançou 9,41% do Produto Interno Bruto (PIB), maior índice desde janeiro de 2021, quando o impacto da pandemia ainda afetava as contas públicas.
A diferença entre os déficits atuais e os da pandemia reside na composição dos gastos. Enquanto antes os gastos emergenciais pesavam mais, agora a conta de juros é o principal fator.
Do déficit nominal acumulado até abril, de R$ 1,066 trilhão, R$ 792,3 bilhões são juros da dívida pública, segundo dados do Banco Central atualizados pela XP Investimentos.
Outros R$ 274,1 bilhões correspondem ao déficit primário, que engloba receitas e despesas, sem considerar os juros. Técnicos do governo destacam que esse valor inclui precatórios adiados pelo governo anterior, sugerindo cautela nas comparações com o período pandêmico.
Parte da dívida está atrelada à Selic
A Selic, atualmente em 10,5% ao ano, foi reduzida depois de um ciclo de queda iniciado em agosto de 2023, quando estava em 13,75% ao ano. Durante a pandemia, a taxa chegou à mínima histórica de 2%, o que ajudou a conter os gastos com juros.
O Tesouro Nacional revela que 45% da dívida interna está atrelada à Selic, o que significa que qualquer mudança na taxa tem impacto direto nos juros pagos pelo governo.
O cenário internacional de juros elevados também influencia, uma vez que aumenta as taxas cobradas para financiar o Brasil e limita a redução da Selic no curto prazo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende a harmonização entre políticas fiscal e monetária e afirma que “os juros altos praticados pelo Banco Central contribuem para a elevação da dívida”.
Já o BC coloca a incerteza fiscal como um dos motivos para a adoção de uma posição mais conservadora na condução da política de juros.
Para este ano, a projeção do governo é de um déficit primário de R$ 77 bilhões. Em 2025, o número pode chegar a R$ 78 bilhões.
*Fonte: Revista Oeste