A vereadora Kalynka Meirelles, de Rondonópolis-MT, denunciou, na tribuna da Câmara de Vereadores, estar sendo processada pelo chefe do executivo municipal, numa tentativa de calar sua voz. A vereadora é uma das principais, se não a maior, oponente do prefeito na Casa de Leis. De forma inteligente, ela vem pontuando todas as deficiências da administração e apresentando queixas da população. O que vem incomodando o prefeito, pois vai contra a política pregada por sua gestão, considerada populista.
“O prefeito tenta usar a justiça para calar um vereador ou uma vereadora, mas apesar de ser mulher e, para muitos, as mulheres significarem fragilidade, eu não me desdobro a vontades de gestores que querem calar, por muitas vezes, aqueles que fazem denúncias. Afinal, esse não é o papel do vereador, fiscalizar?”, questiona.
A vereadora ainda lembrou da época em que o prefeito era vereador e perguntou se na oportunidade ele, alguma vez, teria sido processado pelo executivo por cobranças feitas durante o mandato. “Ele já esteve neste parlamento, já foi vereador, já foi combativo também. Será que tentaram calar ele desta forma? Será que o gestor na época precisava de dez mil reais, precisava entrar com processo contra um parlamentar?”, indagou.
Em entrevista a um veículo de imprensa da cidade, o prefeito de Rondonópolis explicou que entrou com um processo contra a vereadora, que ele denomina fascista, porque ela ter cometido uma Fake News ao solicitar a implementação de creches em período integral. “Nós temos que parar com essas pessoas fascistas, entrar com Fake News. Eu não vou aceitar Fake News. Eu não sabia nem que tinha entrado [com a ação], mas meus advogados disseram: “eu entrei”. Como entrei ontem mesmo, ontem tem um jornalista de uma rádio do outro lado, nós entramos com uma ação contra ele e vamos ganhar. Nós não vamos aceitar gente ficar falando mentiras do nosso governo”, disparou.
Meirelles afirma que em momento nenhum criticou o fato de o prefeito ter feito ou não unidades, inclusive parabenizou a construção de algumas delas. “Pelo fato de ter feito cobranças, abaixo assinado, por ter entrado com uma representação de natureza externa no Tribunal de Contas e denúncias no Ministério Público de Rondonópolis, no Ministério Público Estadual, eu sou motivo de perseguição nessa gestão”.
Kalynka deixou claro que, independente de ser o prefeito A ou B, não vai deixar de trabalhar para garantir o direito do cidadão. “Eu briguei pelas creches integrais, desde que entrei aqui neste parlamento, desde o primeiro ano do meu mandato, pois existe um Plano Nacional de Educação que vence agora, em junho de 2024, onde pelo menos 50% das unidades têm que ser em período integral, é o que preconiza a lei, não a vereadora Kalynka Meirelles. E eu tenho feito essa cobrança porque eu sou mãe, sou mulher e eu sei da necessidade da mulher trabalhar, se colocar no mercado de trabalho novamente e ter seus filhos em segurança”.
A vereadora, até aqui, provou realmente estar ao lado da população. Sempre apreciou todos os projetos conforme a necessidade do cidadão, mesmo eles sendo de interesse do executivo e, como recentemente, lhe causando prejuízos eleitorais. “Eu estava aqui, a pouco tempo atrás, votando pelo bem de Rondonópolis, independente de ser o prefeito José Carlos do Pátio, João, Maria ou quem quer que seja que esteja mandando fomento para esse parlamento. Estou aqui para servir a vontade do povo rondonopolitano”.
A queixa da vereadora é recorrente entre os parlamentares de direita, tanto municipais, quanto estaduais e federais. Em sua fala ela reforça a necessidade da garantia de imunidade parlamentar durante fala na Tribuna, sem que o direito seja cerceado ou a liberdade de expressão roubada. “Eu vejo como uma vergonha para esse parlamento, porque hoje é a vereadora Kalynka que está sendo processada, amanhã pode ser qualquer um de vocês. Isso é uma falta de respeito”, disse.
Veja fala da vereadora na íntegra: