Miguel Gutierrez é acusado de falsificar informações e inflar resultados financeiros para manipular o valor das ações da empresa
O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, adotou um novo nome quando chegou à Espanha há um ano. Ele abandonou o sobrenome Gutierrez, assim como seus familiares, e passou a usar o nome Miguel Sarmiento Gomes Pereira depois de se naturalizar espanhol.
Segundo investigadores espanhóis, a mudança de nome dificultou o trabalho da polícia brasileira para encontrá-lo. Os agentes foram contatados pela Polícia Federal em fevereiro deste ano. Embora Gutierrez tenha afirmado estar em Madri, seu endereço não era conhecido pela polícia na época.
O ex-CEO é investigado por fraude contábil, manipulação de mercado, insider trading e associação criminosa. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi incluído na lista de foragidos da Interpol na última semana.
Com a cidadania espanhola, Gutierrez teve o passaporte recolhido, deve se apresentar a cada 15 dias à polícia local e não pode deixar a Espanha até a conclusão da investigação.
A comunicação entre as polícias era feita por um agente do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), situado na superintendência do Rio de Janeiro, que acessa bancos de dados de diversos países em tempo real.
A operação contra a fraude bilionária na Americanas
Depois de descobrirem a nova identidade, os investigadores espanhóis foram ao prédio no bairro de Legazpi, onde mora com parentes. Confirmada a residência, a polícia iniciou monitoramento constante. Na manhã da sexta-feira 28, Gutierrez foi preso, prestou depoimento e foi liberado à noite, conforme a lei espanhola.
Os investigadores espanhóis montaram uma campana na quinta-feira 27, antes da operação da PF, que durou até a manhã da sexta-feira, quando o nome de Gutierrez entrou na difusão vermelha.
Segundo os espanhóis, ao perceber que seria preso, Miguel passou mal e parecia estar tendo um infarto. Foi necessária a presença de uma ambulância para atender o executivo, que tem 62 anos e já havia apresentado atestado médico para não depor à CPI da Americanas no ano passado.
A captura do ex-CEO foi planejada dois dias antes de a Polícia Federal iniciar a operação contra 14 investigados pela fraude bilionária na Americanas. Ele foi acusado de ser o líder do grupo que falsificou informações e inflou resultados financeiros para gerar lucro e manipular o valor das ações, em uma fraude de R$ 25,7 bilhões.
A ex-CEO do braço digital da Americanas, Anna Saicali, também teve ordem de prisão decretada e deixou o Brasil em junho. Ambos foram incluídos na difusão vermelha da Interpol. Saicali retornou ao Brasil, entregou seu passaporte e teve a prisão revogada.
*Fonte: Revista Oeste