Declaração foi feita em entrevista, na qual o ex-ministro de Lula também disse que merece ser eleito
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse em entrevista ao Canal Livre, da Bandeirantes, divulgada neste domingo, 7, que o Mensalão “foi a primeira grande fake news do Brasil”. Segundo o petista, ele foi acusado de chefiar o esquema porque “era importante para o governo e podia entrar na linha sucessória do presidente Lula”.
Dirceu disse achar merecer ser eleito e voltar ao Congresso — de onde foi cassado em 2005 por causa do Mensalão.
“Acho que eu mereço voltar ao Congresso. Fui cassado acusado de ser chefe do Mensalão. [Roberto] Jefferson foi cassado porque não provou que existia o Mensalão. E o STF me absolveu da acusação de formação de quadrilha”, afirmou.
O ex-ministro, porém, não negou acusações de caixa dois nas campanhas eleitorais à época. Contestou apenas as acusações de que havia pagamentos mensais a parlamentares para garantir governabilidade no Congresso, conforme as acusações de então.
“A primeira grande fake news do Brasil foi o Mensalão. Não o caixa dois da campanha eleitoral, mas a história de que existiu o Mensalão. Tanto é que nos autos do STF não há prova nenhuma de que eu era responsável por nada”, declarou.
“Aquilo foi uma condenação política para me tirar da vida política por uma razão simples: pela minha experiência, eu era importante para o governo e podia entrar na linha sucessória do presidente Lula”, completou.
José Dirceu defende acordo com a China
O ex-ministro defendeu a ideia de que o governo brasileiro discuta um acordo comercial com a China para ampliar investimentos no país, principalmente nas áreas de tecnologia e infraestrutura.
Questionado sobre o desempenho da esquerda na América Latina, Dirceu disse que “se fizer um balanço dos últimos 30 anos é fantástico”. “Governamos os principais países, perdemos, voltamos. No Chile, Equador e Brasil já houve alternância. Depois da dissolução da União Soviética e das ditaduras militares, foi algo novo para as esquerdas”, declarou.
Governabilidade
O ex-ministro de Lula disse, ainda, que o presidente enfrenta um problema de governabilidade crônico por causa do tamanho de sua base aliada, mais fiel no Congresso.
“O mundo mudou, e o Brasil mudou. No Congresso, os partidos que o apoiaram (nas eleições) são minoria. Tem 300 votos liderados pelo Arthur Lira. Esse é um governo quase impossível. O Partido Trabalhista venceu na Grã-Bretanha, vai governar com 410 deputados. Governos em minoria no Congresso têm dificuldade de implementar sua agenda”, declarou.
*Fonte: Redação Oeste, com informações da Agência Estado