O documento produzido por cinco agências da entidade analisou estatísticas de 2021 a 2023
No Brasil, cerca de 8,4 milhões de pessoas enfrentaram a fome entre 2021 e 2023, de acordo com um estudo de cinco agências da Organização das Ações Unidas (ONU). O relatório também revela que 39,7 milhões de brasileiros viveram em insegurança alimentar durante o mesmo período, sendo 14,3 milhões em estado severo.
As informações são do relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, da FAO e agências parceiras, divulgado nesta quarta-feira, 24. O evento faz parte da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal projeto do Brasil no G20.
Em relação ao relatório anterior, que cobria 2020 a 2022, o Brasil apresentou melhorias. O número de brasileiros desnutridos caiu de 10,1 milhões para 8,4 milhões. A insegurança alimentar também diminuiu de 70,3 milhões para 39,7 milhões, mas ainda está acima dos níveis de 2014-2016, quando eram 27,2 milhões.
Globalmente, a fome permaneceu estável nos últimos três anos, depois de um aumento durante a pandemia. Em 2023, entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas podem ter passado fome, equivalente a uma dem cada 11 pessoas no mundo. A insegurança alimentar global (moderada ou severa) afetou 28,9% da população mundial.
Insegurança alimentar no Brasil
De acordo com a FAO, a desnutrição no Brasil foi de 3,9% entre 2021 e 2023, enquanto a insegurança alimentar atingiu 18,4%. O estudo também revela que a erradicação da fome até 2030, meta da ONU, avança lentamente.
“Há uma tendência clara de aumento do PoU [prevalência de subnutrição] na África, enquanto há progresso na América Latina e Caribe e estagnação na Ásia”, diz o relatório.
A desigualdade no acesso a dietas saudáveis continua evidente, especialmente em países de baixa renda, onde 71,5% da população não pode pagar por uma alimentação adequada, em contraste com 6,3% nos países de renda alta.
A edição atual do relatório foca mecanismos de financiamento para ações contra a fome, revelando que segurança alimentar e nutrição recebem menos de um quarto da assistência para o desenvolvimento, totalizando cerca de US$ 76 bilhões anuais entre 2017 e 2021.
Apenas 34% desses recursos foram destinados a combater as principais causas da insegurança alimentar e desnutrição.
*Fonte: Revista Oeste