Chefe do centro de inteligência da PMSP revela que há indícios de que o tráfico de drogas esteja financiando campanhas de candidatos
O coronel Pedro Luís de Sousa Lopes, chefe do centro de inteligência da Polícia Militar de São Paulo, afirmou nesta quinta-feira, 15, que a influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições é “muito maior do que imaginava”. Segundo ele, há indícios significativos de que o tráfico está financiando campanhas em vários municípios.
Durante o 18º encontro anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado no Recife, Lopes destacou a necessidade de monitorar qualquer interferência que possa comprometer o processo eleitoral devido a atividades criminosas do PCC e outras organizações. “A operação eleitoral hoje já está acontecendo, em todo o Estado”, disse o coronel.
O coronel afirmou que o alto comando da polícia já se reuniu com representantes dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para discutir a questão da interferência do PCC. “Teve reunião com todos os gestores regionais”, disse ele, enfatizando a preocupação com a segurança não só no dia das eleições.
Uma das hipóteses levantadas pelo coronel é que a organização criminosa está buscando novas formas de lavar dinheiro. O Ministério Público de São Paulo estima que a facção movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, com o tráfico internacional de cocaína sendo a principal fonte de receita. As informações são do jornal Terra.
Investigações indentificam infiltração do PCC em empresas
O coronel Pedro Lopes relatou que, em investigações sobre contratos públicos, houve uma exposição de integrantes do PCC. “Não é nem a estratégia mais inteligente, eles estão se expondo”, afirmou, citando a infiltração da facção em empresas de ônibus na capital.
Em 6 de agosto, a Polícia Civil de São Paulo, através da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, iniciou a Operação Decurio, para investigar a infiltração do PCC em candidaturas eleitorais. João Gabriel de Mello Yamawaki, responsável pelo “núcleo político” da facção, foi preso.
Dois candidatos a vereador em Mogi das Cruzes e Santo André, do União Brasil e PSD respectivamente, foram alvo da operação e tiveram medidas restritivas decretadas. O União Brasil iniciou um processo de averiguação, enquanto o PSD não se manifestou.
Thiago Rocha de Paula, candidato no ABC, foi acusado de receber valores de uma empresa usada por Yamawaki para movimentar dinheiro ilícito. Em 2020, ele chegou à terceira suplência do partido e assumiu como vereador por 20 dias.
Relembre o caso
Marie Sassaki Obam foi identificada como possível candidata a vereadora em Mogi das Cruzes, apoiada pelo PCC. O União Brasil retirou sua candidatura após a confirmação de seu relacionamento com Yamawaki.
O escritório Teixeira & Marques Advogados Associados, que defende Marie, declarou que as acusações são infundadas e que a 4TBank, fintech envolvida, opera legalmente. Eles repudiaram as acusações e afirmaram que vão provar a legalidade das operações.
*Fonte: Revista Oeste