STJ mantém prisão de megatraficante ligado a piloto procurador de Pablo Marçal

Bando é suspeito de enviar cinco toneladas de drogas pelo ar

O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou um habeas corpus proposto pela defesa de Ary Flávio Swenson Hernandes, que tentava reverter uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Ele é apontado como líder de uma organização criminosa que tem, entre seus membros, um homem identificado como sendo Florindo Miranda Ciorlin, alvo de uma ação penal em Cáceres, que representa o candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), em órgãos vinculados ao Governo Federal.

Ary Flávio Swenson Hernandes foi condenado a 16 anos, 1 mês e 6 dias de reclusão no regime fechado, após ter sido acusado de chefiar uma organização criminosa responsável por traficar mais de 5 toneladas de entorpecentes. Na apelação, a defesa apontava que a prisão preventiva do megatraficante seria ilegal.

Como argumento, a defesa destacou que os fundamentos que teriam sido utilizados para a manutenção da prisão preventiva, na sentença, teriam se referido a um outro processo do qual o traficante seria investigado, não havendo, nos autos da ação penal que resultou na condenação, nenhuma ordem de prisão contra o suspeito. Na decisão, o ministro apontou que o TRF-1, ao prolatar a sentença, apontou como motivo para manter a prisão a gravidade concreta do crime cometido, além da real possibilidade de reiteração delitiva, devendo a prisão ser mantida como garantia da ordem pública e para resguardar futura aplicação da lei penal.

“Não se percebem, portanto, os requisitos para a concessão do pedido liminar, já que ausente constrangimento ilegal evidente. A análise mais aprofundada da matéria fica reservada para o julgamento do mérito do presente habeas corpus. Ante o exposto, indefiro o pedido de liminar”, diz a decisão.

Ligação com Marçal

O empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeito de São Paulo nas eleições municipais de 2024, nomeou como seu representante de sua empresa de aviação o piloto Florindo Miranda Ciorlin, acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de atuar na aquisição e ocultação de aeronaves responsáveis pelo tráfico de cocaína entre a Bolívia e o Brasil. Pablo Marçal teria escolhido o piloto para representá-lo em órgãos federais por meio de uma procuração assinada em 28 de outubro de 2021.

Antes disso, Florindo já havia sido preso pela PF (Polícia Federal). O candidato aponta que o suspeito, ligado ao grupo de Ary Flávio Swenson Hernandes, seria uma espécie de ‘despachante’ e foi contratado apenas para regularizar uma de suas aeronaves.

A nomeação como procurador por parte de Marçal ocorreu seis meses depois de Florindo ser alvo da Operação Grão Branco, deflagrada pela PF em abril de 2021. A ação das autoridades visava desarticular uma organização criminosa liderada por Ary Flávio Swenson Hernandes, acusado de traficar mais de cinco toneladas de drogas.

De acordo com as autoridades, Florindo teria atuado em favor da organização criminosa adquirindo e regularizando aeronaves utilizadas no tráfico. As investigações apontaram que o piloto supostamente utilizou documentos falsos e laranjas para ocultar os reais donos dos aviões. Ele também teria dado aulas de aviação para membros da quadrilha, chegando a manifestar interesse em ir para a Bolívia no intuito de conhecer Ary Flávio Hernandes.

*Fonte: FolhaMax