Editorial critica a tentativa de Celso Amorim de convencer Lula a desistir de negócio que pode prejudicar os interesses do Exército brasileiro
Em seu editorial desta sexta-feira, 6, o jornal O Globo criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ameaçar suspender um contrato de fornecimento de blindados para o Exército brasileiro. O fornecedor é uma empresa com sede em Israel.
O jornal carioca diz que “não tem cabimento” o esforço do assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, no sentido de convencer o presidente Lula a não assinar contrato com a israelense Elbit Systems.
A Elbit Systems é a empresa que venceu a licitação de R$ 1 bilhão em abril deste ano para fornecer veículos de combate para o Brasil.
O Ministério da Defesa argumenta com razão, segundo o jornal, que não faz sentido desclassificar, sem nenhuma justificativa técnica, a primeira colocada num leilão realizado de forma transparente, segundo a lei.
Por cautela, o ministério consultou o Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de declarar vencedora a segunda colocada no caso de haver conflito armado no país da vencedora, como é o caso atual de Israel.
O editorial destaca que a legislação brasileira não veda a compra de bens de governos ou empresas de países em situação de guerra. Fosse assim, o Brasil teria de interromper negócios com as beligerantes Rússia e Ucrânia.
Israel ajudaria na produção nacional, diz jornal
Outro argumento exposto no editorial é que a vencedora da licitação não tem participação acionária do governo israelense e mantém subsidiárias no Brasil.
O texto sugere que a compra dos veículos israelenses contribuiria para a indústria de defesa nacional. Diz o editorial: “A montagem final poderia ser realizada em solo brasileiro e haveria incentivo à produção de munição no Brasil”.
O Globo afirma que o contrato para ser assinado em maio segue em aberto. O motivo: Amorim não concorda com a compra em razão das críticas de Israel a Lula.
Fala de Lula foi um “absurdo”
Celso Amorim refere-se, especificamente, ao fato de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ter chamado o presidente brasileiro de “persona non grata”.
O líder israelense fez a crítica em fevereiro numa resposta ao comentário de Lula. O presidente petista comparou a reação de Israel ao grupo terrorista Hamas como algo semelhante ao Holocausto.
Para o jornal, a atitude de Israel foi além do razoável. “Mas havia motivo”, publicou O Globo. O” paralelo de Lula entre a ofensiva militar israelense e o genocídio cometido pelos nazistas é historicamente absurdo.”
Para O Globo, Lula ofendeu todos os judeus e demais vítimas das atrocidades do líder nazista Adolf Hitler. Até agora, adverte o jornal, Lula não se dignou a pedir desculpa.
Conforme o editorial, a intenção da diplomacia de Lula prejudica os interesses do Exército brasileiro e apenas piora ainda mais a situação.
*Fonte: Revista Oeste