O recado do Santander sobre o TikTok

Banco acredita que a rede social tem potencial para vender produtos

Está na hora de o varejo enxergar o TikTok muito além de um aplicativo para gravar dancinhas. Esse foi o recado deixado pelo Santander, em relatório divulgado na última segunda-feira, 26.

“Marcas e varejistas não podem se dar ao luxo de não dominar o TikTok”, afirmaram os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, no documento.

O banco espanhol apurou também que, com o possível lançamento no Brasil do TikTok Shop — experiência completa da jornada de compra, desde a publicidade até a finalização da venda —, a rede pode ocupar de 5% a 9% do e-commerce brasileiro até 2028. Esses números devem gerar volume geral de vendas (GMV) de R$ 25 bilhões a quase R$ 40 bilhões.

No Brasil, segundo dados das empresas de análises de mercado Data.ai, Kepios e Meltwater, cruzados pelo Santander, o TikTok no Brasil têm atualmente 111 milhões de usuários — é o terceiro maior mercado global, atrás da Indonésia (161 milhões) e dos Estados Unidos (138 milhões e onde pode ser banido).

Os mitos sobre o TikTok

Um mito que os varejistas devem ter em mente é que não se trata de uma plataforma de perfil juvenil: 51% dos usuários têm entre 25 e 44 anos. Então, a percepção de que no app só tem a Geração Z está desatualizada (33% dos usuários têm entre 18 e 24 anos). Cada brasileiro utiliza o aplicativo em média por uma hora diariamente (33% a mais do que no Instagram) e no TikTok há de três a quatro vezes mais engajamento do que no Instagram.

Além da grande audiência, a oportunidade está no fato de que, no TikTok Shop, 71% das descobertas de produtos são convertidas em compras. “Pode ser a maior disrupção do varejo desde a pandemia”, disseram os analistas do Santander.

TikTok
TikTok tem quase 140 milhões de usuários nos EUA | Foto: Antonbe/Pixabay

Por enquanto, a plataforma completa do TikTok Shop só está disponível em sete países, além dos Estados Unidos — Filipinas, Indonésia, Malásia, Reino Unido, Singapura, Tailândia e Vietnã. Ela inclui funcionalidades que possibilitam exibir o catálogo de produtos das varejistas sem sair do aplicativo, o que reduz as interrupções da experiência de compra. O próximo país que receberá essas ferramentas será o México, em fevereiro deste ano — ainda não há data de lançamento para o Brasil.

O conselho do Santander

Com o possível banimento do aplicativo nos EUA — caso não venda para uma empresa norte-americana até 5 de abril deste ano — o próximo país a receber a plataforma completa deve ser o Brasil.

O Santander descobriu que 41% das vagas abertas pelo TikTok no Brasil, por exemplo, são relacionadas às atividades de comércio. “Acreditamos que isso pode indicar um potencial lançamento iminente”, afirmaram os analistas.

Na parte de cima, maior grau de exposição. Mais à direita, marcas mais preparadas | Foto: Divulgação/Santander
Na parte de cima, maior grau de exposição. Mais à direita, marcas mais preparadas | Foto: Divulgação/Santander

O banco também analisou as métricas de engajamento e as estratégias de mídias sociais de 28 varejistas listadas nas Bolsas de Valores para entender quão prontas as empresas estão para um possível lançamento do TikTok Shop no Brasil.

Segundo o Santander, lideram o grupo com mais resultados as empresas que já adotam estratégias nativas de plataforma e que produzem maior engajamento e menores custos de aquisição de clientes”. Em contrapartida, os players tradicionais de lojas físicas, ou aqueles com dedicação limitada à plataforma, enfrentam maior ameaça de perda de participação de mercado”. Nessa lista, abaixo do ideal apesar de elevada exposição, foram incluídas Azzas 2154, Guararapes, SBF e Vulcabras. Em relação a plataformas como Magalu e Mercado Livre, o Santander acredita em parcerias estratégicas, como ocorreu entre Amazon e TikTok Shop nos EUA.

*Fonte: Revista Oeste