A crise na Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis ganhou novos contornos neste sábado (29), quando o corpo clínico do hospital decidiu paralisar suas atividades. Segundo nota emitida pelos médicos, a decisão foi tomada após o não cumprimento, mais uma vez, de um acordo firmado anteriormente para a regularização dos salários atrasados dos profissionais.
De acordo com os profissionais, a direção do hospital havia garantido que os pagamentos seriam quitados, mas, apesar do compromisso, a quitação salarial de janeiro ocorreu apenas nesta sexta-feira (28) e nem todos os profissionais receberam o valor devido. Além disso, os meses de fevereiro e março continuam sem previsão de pagamento, o que agravou a situação e levou à paralisação.
O acordo firmado entre a administração do hospital e o corpo clínico em janeiro deste ano previa a quitação de ao menos dois salários atrasados de 2024, além de regularizar as pendências mais recentes. Contudo, o descumprimento da promessa de pagamento resultou na decisão dos médicos, que alegam não ter outra alternativa diante dos atrasos recorrentes.
Em uma carta de esclarecimento à população, os médicos detalharam a gravidade da situação e explicaram que, apesar das dificuldades financeiras, mantiveram o atendimento à população por meses, tentando não prejudicar os pacientes. “Durante esse período, buscamos incessantemente soluções e tentamos, de todas as formas, chegar a um acordo com a administração responsável. No entanto, apesar de todos os esforços e da boa vontade demonstrada, os compromissos firmados não foram cumpridos”, afirmaram em comunicado oficial.
A carta também detalha que os profissionais estão enfrentando esgotamento físico e emocional, com muitos sendo forçados a interromper suas atividades devido à falta de condições mínimas para o exercício profissional. “É impossível manter um atendimento de qualidade quando os profissionais não recebem o mínimo necessário para exercer suas funções adequadamente”, diz o texto.
A paralisação atinge os atendimentos eletivos, mas os serviços de urgência e emergência seguem em funcionamento. Pacientes internados também estão sendo assistidos conforme necessário. “Nosso compromisso permanece firme com a saúde e o bem-estar da comunidade, mas é preciso que as autoridades e a administração do hospital encontrem uma solução imediata”, destacaram os médicos.
A crise na Santa Casa já vem se arrastando há vários meses, com atrasos salariais recorrentes e a insatisfação crescente entre os profissionais, que alegam que a falta de pagamento compromete a qualidade do atendimento e desmotiva os profissionais a continuarem prestando serviço à população.
A paralisação não é uma medida inédita. Em outros momentos, os médicos já haviam se mobilizado por conta do atraso nos pagamentos, mas, apesar das promessas da direção do hospital, o problema persiste.
Apelo à sociedade e autoridades
O corpo clínico da Santa Casa de Rondonópolis fez um apelo à sociedade e às autoridades municipais, estaduais e federais para que intercedam junto à administração do hospital e garantam a regularização imediata dos pagamentos. “O reconhecimento e a valorização dos trabalhadores são fundamentais para a manutenção de um serviço digno e eficiente”, reiteraram os profissionais.
Por enquanto, a expectativa é que a administração do hospital tome providências rápidas para resolver a situação e retomar a normalidade nos atendimentos, evitando que o quadro se agrave ainda mais.