Conforme editorial do jornal, o STF faz ‘parecer que o maior esquema de corrupção de que o país já teve notícia foi um delírio coletivo’
Em um editorial intitulado “Orfandade institucional”, publicado na edição desta terça-feira, 6, o Estadão questionou o “silêncio ensurdecedor” da Procuradoria-Geral da República (PGR) diante das “canetadas” do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), para riscar dos autos as provas que foram entregues voluntariamente às autoridades pelos implicados na Operação Lava Jato.
Toffoli anulou as provas obtidas pelo acordo de leniência entre o Ministério Público Federal e a Odebrecht, empreiteira que admitiu corrupção em 49 contratos de obras públicas, e concedeu decisões em série para anular a Lava Jato. Recentemente, suspendeu a multa da Odebrecht e da J&F.
O Estadão afirma que o STF não é a “única instituição que tem provocado o “sentimento misto de abandono e indignação em muitos cidadãos que acompanham os desdobramentos da Lava Jato nos últimos anos”. O Ministério Público (MP), em particular a PGR, de ter “grande parcela de responsabilidade na espécie de orfandade institucional”, afirma o jornal.
A Constituição de 1988 e o MP
Fazendo uma retrospectiva, o jornal ressalta que a PGR cometeu muitos erros na questão da Operação Lava Jato, quando Rodrigo Janot à frente fez a instituição agir “orientada politicamente e imbuída de um espírito salvacionista”, recusando críticas aos métodos do MP sob alegação de que isso seria uma “ameaça à Lava Jato”.
Tais atitudes, segundo o Estadão, têm reflexos no presente quando “criminosos confessos chegam a debochar da sociedade posando de injustiçados”.
A gestão de Augusto Aras e o fim da Lava Jato
A gestão de Augusto Aras também foi mencionada no texto como uma “adesão ao chamado antilavajatismo”, sendo apontada como o oposto de Janot e enterrando de vez a operação.
“A Lava Jato acabou por seu maior vício: ter se movido politicamente. Logo, quando mudaram os ventos da política nacional, uma nova visão sobre a operação, chamemos assim, se impôs”, afirma o Estadão.
Considerando que o novo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, está no cargo há apenas dois meses, o Estadão destaca que ainda é desconhecida a marca que ele imprimirá à PGR.
“Mas causa calafrios o silêncio do procurador-geral diante dessa série de decisões monocráticas do ministro Dias Toffoli livrando a Odebrecht e a J&F do pagamento das multas bilionárias com o qual as empresas se comprometeram ao assinar seus acordos de leniência”, conclui.
*Fonte: Revista Oeste