Em entrevista, petista ignorou desequilíbrio fiscal no Brasil
Cumprindo sua primeira agenda em Minas Gerais deste terceiro mandato, o presidente Lula (PT) declarou, em entrevista à rádio Itatiaia, que zerar o déficit fiscal em 2024 — meta assumida pela equipe econômica — não é uma certeza em seu governo. A conversa ao vivo foi ao ar na manhã desta quinta-feira, 8.
Em 2023, o déficit primário do setor público consolidado foi de R$ 249,1 bilhões, o que corresponde a 2,29% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Banco Central. O patamar negativo das contas do governo Lula representa um recorde histórico, sendo o maior rombo do setor desde 2020.
A meta do governo de zerar o déficit fiscal consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano, aprovada pelo Legislativo.
Na entrevista de hoje, quando perguntado pela jornalista Edilene Lopes sobre a possibilidade de zerar o superávit, Lula não demonstrou preocupação.
“Essa é uma discussão que aparece de vez em quando, e eu não gosto que ela apareça”, reclamou o petista. “Nós temos um orçamento, e se der para fazer superávit zero, ótimo; se não der, ótimo também. No Brasil, inventam umas manchetes babacas de superávit”, criticou.
Solução petista
Segundo o presidente da República, “o melhor jeito para diminuir a dívida com relação ao PIB é fazer a economia crescer”.
“Não é jogar a culpa em cima do povo mais pobre e tentar cortar benefícios”, argumentou o chefe do Executivo. “Isso não acontecerá em meu governo”, assegurou, ao passo que fazia a propaganda das ações assistencialistas da sua gestão.
Lula destacou o repasse de R$ 7 bilhões por ano para o chamado Programa Pé de Meia, que irá distribuir R$ 3 mil anuais para estudantes da rede pública de ensino.
Nos cálculos do presidente, “se aumentar a arrecadação, a gente tem mais dinheiro para gastar; se diminuir a arrecadação, diminui o se que tem para investir”. “Essa é a lógica, e vale para tua casa, família, vale para prefeitura, vale para o governo federal”, simplificou.
Governo ‘dificilmente’ cumprirá meta
Em outubro do ano passado, Lula avisou, durante café da manhã com jornalistas, que “dificilmente” o governo cumprirá a meta de déficit zero em suas contas neste ano. Sua declaração gerou reflexos na bolsa de valores e no dólar.
À época, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficou irritado com as perguntas da imprensa sobre as contas públicas. Ele acabou abandonando a entrevista.
*Fonte: Revista Oeste