Aliado de Katalin Novak, o primeiro-ministro Viktor Orbán tentou conter danos políticos três dias antes de saída do cargo
Nesta sábado, 10, Katalin Novak, a primeira presidente mulher da Hungria, renunciou depois de uma onda de indignação por causa de um indulto (perdão da pena) que ela deu a um homem condenado por ajudar a encobrir abuso sexual em um lar de crianças.
Katalin tem 46 anos e é uma aliada próxima do primeiro-ministro do país, Viktor Orbán. Ela governava desde 2022, e em abril de 2023 concedeu o perdão a mais de 20 pessoas antes da visita do papa Francisco ao país.
Entre as pessoas perdoadas estava o vice-diretor do lar de crianças, que ajudou o ex-diretor da instituição a esconder os abusos sexuais que cometia. O perdão do criminoso foi divulgado só recentemente.
Viktor Orbán tentou conter danos com emenda três dias antes da renúncia de Katalin Novak
“Eu cometi um erro”, disse a agora ex-presidente da Hungria ao anunciar sua renúncia em um discurso transmitido pelo canal estatal. “Hoje é o último dia em que me dirijo a vocês como presidente.”
Katalin Novak disse que tomou a “decisão de conceder um indulto” em abril passado por acreditar que o condenado “não havia abusado da vulnerabilidade das crianças” com quem ele havia trabalhado. “Cometi um erro, pois o perdão e a falta de fundamentação foram adequados para provocar dúvidas sobre a tolerância zero que se aplica à pedofilia”, disse ela.
Para conter os danos políticos, Viktor Orbán apresentou uma emenda constitucional ao parlamento na noite da última quinta-feira, 8, para impedir qualquer presidente de perdoar crimes cometidos contra crianças. Não foi o suficiente.
No decorrer desta semana, os partidos de oposição exigiram que Katalin deixasse a Presidência por causa do episódio. Na última sexta-feira, 9, cerca de mil manifestantes se reuniram no escritório dela para pedir sua renúncia, segundo a agência Reuters.
*Fonte: Revista Oeste