O jornal também afirma que ‘o objetivo é explicitamente eleitoreiro’
Em editorial publicado na edição desta quinta-feira, 15, o jornal O Estado de S. Paulo criticou a “cruzada populista” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com “objetivo explicitamente eleitoreiro”, para tentar baixar à força o preço das passagens aéreas.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, montou um “grupo de trabalho” no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para estudar maneiras de reduzir o preço do querosene de aviação (QAV), administrado pela Petrobras. Foi a “mais recente etapa dessa cruzada populista”, lembra o Estadão.
“O objetivo é explicitamente eleitoreiro”, salienta o jornal. A conclusão se dá em razão da justificativa de Silveira para a medida: “democratizar a tarifa das passagens aéreas no País”, para que “a classe média e as pessoas menos favorecidas voltem a usar aeroportos, assim como aconteceu nos primeiros mandatos do presidente Lula”.
A ideia do programa é oferecer passagens aéreas no valor de até R$ 200 para quem não tenha viajado nos últimos 12 meses.
Forçar queda de preço de passagens aéreas é indisfarçável tentativa de fazer o país voltar no tempo, diz Estadão
Para o Estadão, o programa revela “uma indisfarçável tentativa de fazer o país voltar no tempo, a uma época em que Lula se jactava de fazer o ‘pobre andar de avião’”. Mas nada disso deu certo, diz o jornal, lembrando que foram poucos os pobres que efetivamente conseguiram viajar de avião e, ainda assim, se endividaram, e a maioria absoluta voltou à precariedade por falta de políticas públicas realmente necessárias.
Esse romantismo lulopetista, como toda mistificação sobre o passado, omite que os pobres, no governo Lula, até melhoraram ligeiramente de vida à custa de transferência forçada de renda, mas era um avanço insustentável — e bastou a sacolejante crise dos anos Dilma para que esses brasileiros fossem devolvidos à sua condição real de pobreza, muito distante das fantasias demagógicas de Lula. Os poucos pobres que efetivamente conseguiram viajar de avião o fizeram à base de endividamento, e a maioria absoluta continuou a viver em condições muito precárias, pois faltaram investimentos e políticas para dar a essa população condições de ascender socialmente, como boa educação e boas condições de saneamento básico.
Em razão disso, o jornal considera incompreensível que o Voa Brasil seja considerado prioritário pelo governo. “Alçado de forma incompreensível à condição de prioridade, o tal programa Voa Brasil pode até ser bancado pelo governo, desde que o caixa da Petrobras seja recomposto por verbas públicas. É o que diz a lei. Ou seja, em última instância, a benesse seria financiada pelos contribuintes. Não há nem como chamar tal medida de “política pública.”
O jornal afirma que as companhias aéreas sabem da inviabilidade do programa, “mas aproveitam para reforçar o lobby por um socorro robusto ao setor”. Elas pleiteiam linhas especiais de crédito e reclamam das muitas ações judiciais de passageiros contra o serviço de transporte.
“Sensível aos apelos, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, promete um pacote para breve. Como em todo bom programa demagógico, o pobre provavelmente não chegará nem perto de um avião, mas já se sabe quem vai na primeira classe”, finaliza o Estadão.
*Fonte: Revista Oeste