Fuga de penitenciária federal apavora comunidade de Mossoró

Cerca de 650 famílias do vilarejo de Barrinha, próximo ao presídio, temem sair de casa

Desde a fuga dos dois criminosos da penitenciária federal no Rio Grande do Norte, os moradores da comunidade vizinha ao presídio estão com medo de sair de casa. Cerca de 650 famílias vivem no vilarejo de Barrinha, na zona rural de Mossoró, no interior do Estado. Poucos se arriscam a sair de casa, e quem vive de comércio agora fecha as portas mais cedo. 

O aposentado Elpídio da Silva, de 60 anos, disse que, depois que os presos escaparam da prisão, todos os moradores da comunidade estão em estado de alerta. Muitos estão “apavorados”. 

“A gente passa o dia vendo polícia, e isso nos dá mais segurança, mas quando ela vai embora, a aflição volta”, declarou idoso à reportagem da Folha de S.Paulo.

Já o comerciante Genilson Epifânio, de 35 anos, conta que se vê obrigado a fechar seu mercadinho mais cedo. “A gente fica naquela de não saber se os bandidos foram embora ou ainda estão por aqui, e esse sentimento é muito ruim”, lamentou.

Ainda segundo a reportagem, o que mais assusta os moradores da vila são os boatos de que os criminosos foram vistos no bairro.

“Aí que a gente se tranca cedo; meu portão agora fica fechado direto”, comentou a dona de casa Antônia Vanda da Costa, de 27 anos. 

Primeira fuga da história

Como é a prisão de segurança máxima que permitiu fuga de traficantes
Penitenciária Federal de Mossoró é considerada de segurança máxima | Foto: Reprodução/Google Earth

A fuga dos bandidos ligados à facção criminosa Comando Vermelho foi a primeira registrada no sistema penitenciário federal. 

De acordo com informações da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), o sistema prisional de segurança máxima é referência de disciplina e procedimento.

Nunca houve fuga, rebelião nem entrada de materiais ilícitos nessas unidades penitenciárias, onde se aplica “fielmente” a Lei de Execuções Penais (LEP).

A primeira evasão ocorreu justamente na gestão do atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. 

Segundo o Senappen, as cinco penitenciárias federais no Brasil, classificadas como presídios de segurança máxima, possuem sistema de vigilância avançado que contam com captação de som ambiente e monitoramento de vídeo.

Todo o material de vigilância das penitenciárias é replicado, em tempo real, para a sede da secretaria, em Brasília. 

Sob o comando de Lewandowski, algumas câmeras de segurança da penitenciária não estavam funcionando adequadamente na quarta-feira, 14, quando os criminosos fugiram do presídio de segurança máxima. Além disso, algumas lâmpadas, que poderiam eventualmente detectar fuga, também não estavam funcionando bem.

Sobre os foragidos

Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, de 36 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 34 anos. Ambos são do Acre e têm conexões com o Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na unidade. 

Os foragidos Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça | Fotos: Ministério da Justiça e Segurança Pública/Reprodução

Eles estavam no presídio federal de Mossoró desde 27 de setembro de 2023. Autoridades transferiram a dupla para o local depois de ela participar de uma rebelião no presídio Antônio Amaro Alves, no Acre. O motim aconteceu em julho de 2023.

O Brasil tem cinco penitenciárias federais de segurança máxima: Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). A distribuição faz parte da estratégia de desarticular e dificultar possíveis comunicações entre organizações criminosas.

*Fonte: Revista Oeste