Fuga em Mossoró leva crise ao ministério de Lewandowski

Coluna do jornal O Globo aponta para ‘ruídos’ na pasta da Justiça em uma sucessão de controvérsias

A fuga dos dois traficantes da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, está causando “ruídos” dentro do Ministério da Justiça, conforme divulgado pela coluna da jornalista Malu Gaspar, de O Globo. Recém-empossado, o ministro Ricardo Lewandowski tem na mesa o imbróglio sobre as responsabilidades pelo fato inédito. É a primeira vez desde que o Sistema Penitenciário Federal foi criado, em 2006, que ocorre uma fuga de uma penitenciária considerada de segurança máxima.

Em uma “guerra de versões”, estão, de um lado, os recém-chegados à pasta, que afirmam terem pegado o Sistema Penitenciário Federal “detonado” pela falta de investimentos na gestão de Flávio Dino e não terem tido tempo para trabalhar a situação. Do outro, os quadros que já estavam no ministério, em especial as equipes da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

O novo titular da Senappen, André Garcia, assumiu o cargo no dia da fuga, na quarta-feira 14.

Penitenciária de Mossoró
Fuga em Mossoró é a primeira registrada no sistema penitenciário federal | Foto: Divulgação/Senappen

Eximindo-se de culpa, os servidores da pasta alegam que os novos chefes não os convocaram para a transição, o que poderia ter evitado, por exemplo, a fragilidade no reforço da vigilância da penitenciária durante o Carnaval.

Um relatório antigo que ninguém viu

Conforme o Globo, o ministro e seus auxiliares mais próximos passaram os últimos dias envolvidos com a divulgação de relatórios de inteligência que apontaram sérios problemas prévios de segurança na penitenciária de Mossoró.

Esses documentos, embora antigos, não foram disponibilizados nem para o novo ministro, que assumiu suas funções há 19 dias, nem para Garcia, que assumiu há seis dias. Lewandowski, inclusive, afirmou no domingo, 18, ter sabido da existência deles por meio da imprensa.

Fuga de penitenciária federal apavora comunidade de Mossoró
População de comunidade perto do presídio estão com medo de sair de casa | Foto: Myllena Valença/Oeste

A sucessão de estresse

Ainda de acordo com o jornal, outro elemento de “estresse” na pasta é a investigação em curso sobre a conivência ou não de funcionários do presídio na fuga dos bandidos, conduzidas tanto pela corregedoria da Senappen quanto pela Polícia Federal (PF).

Os policiais envolvidos no caso criticam o fato de a Senappen estar na coordenadoria dos esforços de buscas pelos fugitivos. Segundo fontes da coluna, “a secretaria não tem expertise nesse tipo de trabalho e não deveria estar no comando”.

Segurança máxima com câmeras desligadas

Segundo apuração de Lauro Jardim, entre os problemas apontados no relatório está o fato de que 124 das 200 câmeras de vigilância da unidade estarem desligadas.

Outro fato que abala os pilares da Justiça foi a constatação de que os presos usaram barras de ferro retiradas da parede para escapar da penitenciária, supostamente de segurança máxima.

Nesta segunda-feira, 19, cinco dias após a fuga histórica, Lewandowski autorizou o envio da Força Nacional para auxiliar nas buscas aos dois criminosos.

As operações contam com a participação de policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes das forças de segurança locais.

As promessas e os elogios de Lewandowski a Dino ao assumir a Justiça

Ao assumir o Ministério da Justiça há apenas duas semanas antes de enfrentar uma crise interna no jogo de “empurra” entre as equipes do presente e as do passado recente, Lewandowski fez promessas e elogios ao antecessor.

“Daremos continuidade ao excelente trabalho do ministro Flávio Dino e sua competente equipe”, afirmou.

*Fonte: Revista Oeste