O documento prevê governo de ‘autoridades locais’, cooperação com Egito na fronteira e o fechamento da agência da ONU
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresentou ao gabinete de segurança, na noite desta quinta-feira, 22, o primeiro plano oficial do país para a gestão de Gaza depois da guerra. O documento prevê a instalação de “autoridades locais” não afiliadas ao terrorismo para administrar os serviços na Faixa.
A “curto prazo”, o plano estabelece que as Forças de Defesa de Israel (FDI) continuarão a guerra até alcançar seus objetivos, que são a destruição das capacidades militares e infraestrutura governamental do Hamas e da Jihad Islâmica; o retorno dos reféns sequestrados em 7 de outubro e a remoção de qualquer ameaça à segurança da Faixa de Gaza a longo prazo.
A médio prazo
Na classificação de médio prazo, as FDI manterão liberdade de operação indefinida em toda a Faixa para evitar o ressurgimento de atividade terrorista.
Ainda nessa fase intermediária, conforme o plano, o governo israelense manterá o controle de segurança “sobre toda a área a oeste do Jordão”, em terra, ar e mar, para “evitar o fortalecimento de elementos terroristas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e frustrar ameaças em direção a Israel”.
“Desradicalização”
O documento acrescenta que Israel também promoverá um “plano de desradicalização em todas as instituições religiosas, educacionais e de assistência social em Gaza”.
Para isso, as autoridades israelenses pretendem contar com o envolvimento e a assistência de países árabes que têm experiência em promover a eliminação do extremismo.
Fronteira de Israel com Egito e Gaza
O documento afirma que Israel vai impor, com assistência dos Estados Unidos e cooperação do Egito, “na medida do possível”, um “fechamento do sul” (na fronteira) para evitar a retomada da atividade terrorista.
A fronteira entre o Egito e Gaza tem sido assolada pela atividade de contrabando.
De acordo com o jornal The Times of Israel, o Cairo teria resistido aos apelos do governo israelense para assumir o controle do corredor de Filadélfia, ao longo da fronteira entre o Egito e Gaza. Porém, segundo informações de diplomatas norte-americanos e árabes ao jornal hebraico, existe uma possibilidade de flexibilização nesse sentido.
Agência da ONU, UNRWA
Outro aspecto-chave do documento de Netanyahu é o fechamento da agência de auxílio da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA (título em inglês).
O documento ressalta o envolvimento de 12 funcionários do órgão no ataque de 7 de outubro e afirma que Israel trabalhará para substituir a agência por “organizações internacionais de auxílio responsáveis”.
Autoridade Palestina
Ainda conforme a imprensa israelense, embora não mencione a Autoridade Palestina (AP), o documento é, em grande parte, uma coleção de princípios que o premiê vinha afirmando desde o início da guerra. Entretanto, é a primeira vez que eles foram formalmente apresentados ao gabinete de segurança para aprovação.
Sem muitos detalhes, o texto afirma que os assuntos civis em Gaza serão administrados por “autoridades locais” que possuem “experiência administrativa”, sem ligação com “países ou entidades que apoiam o terrorismo”.
A comunidade internacional está pressionando para que a AP eventualmente governe Gaza.
Em seus discursos, Netanyahu já afirmou que não permitirá que a AP retorne para governar Gaza. Em outras ocasiões, entretanto, o premiê não descartou a possibilidade de que poderia conviver com uma AP reformada, nos moldes que o governo dos Estados Unidos tem proposto.
Um oficial israelense argumentou aos jornais hebraicos que a AP não deveria ser incluída no governo pós-guerra, considerando “sua falha em condenar o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro”, que resultou na morte de 1,2 mil pessoas e fez 253 reféns.
O programa de bem-estar da AP inclui pagamento a terroristas condenados e suas famílias.
O gabinete de Netanyahu afirmou que o documento foi redigido com base em princípios amplamente aceitos pelo público. Os assessores do premiê destacaram que o plano servirá como base para futuras discussões sobre a gestão pós-guerra de Gaza.
*Fonte: Revista Oeste