CPI contra padre Júlio Lancellotti avança na Câmara de São Paulo

Decisão contra o pároco foi tomada na tarde desta terça-feira, 5, pelos líderes da Casa paulistana

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o padre Júlio Lancellotti vai avançar na Câmara Municipal de São Paulo. O prosseguimento do colegiado foi definido na tarde desta terça-feira, 5, durante reunião dos líderes partidários da Casa legislativa paulistana.

Com a decisão, o pedido da CPI vai ser analisado pelo plenário da Câmara. Ainda não há uma data definida para a votação sobre a instalação — ou não — do colegiado contra o líder religioso. A definição, no entanto, só deverá ocorrer a partir da próxima terça-feira, 12, depois de nova reunião dos líderes.

No site oficial da Câmara Municipal de São Paulo, a equipe de comunicação da Casa afirma que a decisão de prosseguir com a CPI contra Lancellotti ocorreu “face às provas apresentadas” na reunião de hoje à tarde. Conforme mostrado na segunda-feira 4, uma sessão seria realizada — de forma reservada, durante o colégio de líderes — para exibir o vídeo em que, segundo análise peritos Reginaldo e Jacqueline Tirotti, Lancellotti aparece se masturbando para um garoto menor de idade.

O pedido de instauração de uma CPI para apurar a conduta de Lancellotti foi protocolado pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), avisou que o caso não ficará restrito ao âmbito da política paulistana. Leite avisou que o Ministério Público e a Polícia Civil serão acionados para acompanhar o desenrolar do colegiado.

Ex-coroinha e ex-usuário de drogas denunciam padre Júlio Lancellotti

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Júlio Lancelotti durante entrevista ao canal CNN Brasil; ele é alvo de pedido de CPI na Câmara Municipal de São Paulo | Foto: Reprodução/YouTube/CNN Brasil

A notícia do avanço da CPI contra o padre Júlio Lancellotti ocorre depois de mais uma denúncia vir à tona. Na manhã desta terça-feira, 5, foi noticiado que um ex-usuário de drogas relatou ter sido vítima de abuso sexual pelo religioso. O crime, de acordo com o denunciante, cuja identidade está sob sigilo, teria ocorrido durante dois anos — e seria praticado na casa paroquial da Paróquia São Miguel Arcanjo.

Localizada na Mooca, bairro da zona leste paulistana, a Paróquia São Miguel Arcanjo é comandada há décadas por Lancellotti.

A denúncia do ex-usuário de drogas não é a primeira contra Lancellotti. Hoje com 48 anos, o jornalista Cristiano Gomes afirmou, que foi assediado sexualmente pelo padre em 1987. Na ocasião, Gomes tinha 11 anos de idade — e colaborava como coroinha na Paróquia São Miguel Arcanjo.

O relato do ex-coroinha chegou oficialmente à cúpula da Igreja Católica. Em 9 de fevereiro, a instituição religiosa colheu o depoimento de Gomes, que foi à divisão do Ipiranga da Arquidiocese de São Paulo na companhia do advogado Diego Alves. Ele falou sobre a denúncia contra Lancellotti durante duas horas.

Num primeiro momento, a equipe da igreja deu prazo de dez dias para um parecer sobre o caso — se arquivaria ou se prosseguiria com as investigações. Até o momento, contudo, a Arquidiocese não se manifestou sobre um desfecho da denúncia de assédio sexual contra Lancellotti.

*Fonte: Revista Oeste