Estadão: Lula faz ‘defesa obscena de ditaduras e ditadores’

Jornal criticou petista por ataque à oposição da Venezuela e por apoio a governos autoritários

Em editorial publicado na edição desta sexta-feira, 8, O Estado de S. Paulo critica Lula por seu apoio e defesa de ditadores e ditaduras ao longo de sua trajetória política. A fala mais recente do petista foi um ataque à oposição da Venezuela, impedida pelo ditador Nicolás Maduro de participar das eleições presidenciais marcadas justamente para 8 de julho, data de aniversário do ditador Hugo Chávez, morto em 2013.

Com aliados na Justiça, os adversários de Maduro foram considerados inelegíveis. María Corina Machado, a líder da oposição, que venceu as prévias em outubro, não poderá disputar a eleição. E Lula, nesse caso, “num misto de grosseria e misoginia, sugeriu à oposição da Venezuela ‘não ficar chorando’”.

“Para Lula, bastaria à oposição escolher outro candidato – como se María Corina não tivesse sido vítima de flagrante perseguição e como se qualquer outro candidato pudesse concorrer livremente num ambiente totalmente controlado por Maduro”, critica o Estadão.

Lula é cruel com aqueles que ousam enfrentar os ditadores companheiros, diz Estadão

Diplomata Ditadura
Lula em um encontro com o ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Além desse recente episódio, o jornal lembra da constante posição de Lula a favor de ditadores e ditaduras, o que se revela como “um padrão” do petista. No caso da Venezuela, Lula disse que é um país “democrático” até demais, por realizar “mais eleições que o Brasil” e, para proteger Maduro, afirmou que o “conceito de democracia é relativo”.

“Para Lula, democracia não é a soberania popular, a garantia das liberdades de expressão e de imprensa, a intransigência com qualquer forma de arbítrio de tiranos. Em seu relativismo, os ditadores companheiros são “democratas” porque se julgam intérpretes das aspirações do ‘povo’”, afirma o Estadão.

O jornal cita um caso de 2010, quando Lula defendeu a “Justiça” cubana e criticou presos políticos que ali faziam greve de fome contra o regime dos irmãos Castro. “Lula é cruel com aqueles que ousam enfrentar os ditadores companheiros”, afirmou. “Na sua diplomacia da imoralidade, equiparou os valentes dissidentes cubanos aos presos comuns no Brasil.”

Por fim, o Estadão lembra que Lula defendeu o ditador Daniel Ortega inúmeras vezes, a despeito das escancaradas violações de direitos humanos cometidas na Nicarágua. Em março do ano passado, por exemplo, o Brasil se recusou a acompanhar os mais de 50 países que denunciaram a prática de crimes contra a humanidade pela tirania de Ortega.

“Lula manda diplomacia brasileira às favas”

Lula, no segundo mandato, recebeu o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega | Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr

Esses arroubos a favor de ditaduras e ditadores têm feito com que a diplomacia brasileira se afaste de sua tradicional postura sóbria e neutra, afirma o jornal. Com isso, Lula tem o objetivo de ser o líder do “Sul Global” e um “guia genial” contra os Estados Unidos e os imperialistas do mundo.

“Lula manda às favas o histórico da diplomacia brasileira de prudência, neutralidade e respeito à democracia, e arrasta consigo o Brasil e sua política externa. Combina a habitual fala sem filtros em temas espinhosos dos quais nada entende com a defesa obscena de ditaduras e ditadores. A Lula pouco importa o que autocratas fazem contra a democracia e os direitos humanos — basta que se insurjam contra os Estados Unidos”, afirma o Estadão.

Essa postura de Lula representa um claro alinhamento “ao que há de mais retrógrado e autoritário”. Sua política externa revela “a hostilidade ao Ocidente e o alinhamento automático a tudo o que é antagônico aos valores ocidentais”. Em razão disso, conclui o jornal, “não há mais o que esperar de Lula senão essa imoralidade sem limites”.

*Fonte: Revista Oeste