Shirin Ebadi, primeira mulher a alcançar a magistratura no país persa, está no exílio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está equivocado por não se posicionar contra a ditadura do Irã. É o que pensa Shirin Ebadi, 76 anos, militante iraniana pelos direitos humanos e Prêmio Nobel da Paz em 2003.
Primeira mulher a alcançar a magistratura no país persa, Shiri está exilada em Londres há 15 anos. Na sexta-feira 8, a ex-juíza participou, em Paris, de uma Conferência pelo Dia Internacional da Mulher.
“Lamento com amargura que o presidente Lula não esteja bem informado, o que o levou a fazer uma visita ao Irã em 2010 e a apoiar o regime iraniano”, disse a Nobel da Paz em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, durante o evento. “Eu protestei na época. E transmiti essa mensagem a ele, dizendo que ele estava equivocado. Que, se ele é de esquerda e defensor da classe operária, deveria saber que o regime iraniano é inimigo da classe operária.”
O povo e ditadura no Irã
De acordo com a ativista, apesar de ter arrefecido, o movimento de oposição que levou milhões de iranianos às ruas em 2022 continua vivo. A onda de protestos começou depois da prisão e morte da Mahsa Amini, estudante de 22 anos que entrou na mira da ditadura do Irã por supostamente usar um hijab — o véu islâmico — de forma inadequada.
No discurso em Paris, Shiri lembrou da situação da segunda iraniana a receber o Nobel da Paz — Nargis Mohammadi, 51. Agraciada em 2023 e pouco se sabe sobre a situação dela, que foi condenada em 2016 a 16 anos de prisão por defender a abolição da pena de morte.
*Fonte: Revista Oeste