Advogada levanta “ficha” de inimigos do CV em MT; veja prints

Profissionais são suspeitos de atuar para faccionados

Prints de conversas de um grupo de Whatsapp obtidos durante as investigações da Operação Gravatas, conduzida pela Polícia Civil de Tapurah na última terça-feira (12), revelam diversos diálogos entre líderes do Comando Vermelho, presos em uma cadeia, solicitando informações para advogados sobre desafetos de outros estados. Em uma das conversas, um criminoso solicita registros de passagens criminais e processos judiciais desfavoráveis aos rivais.

Os alvos da ação são os advogados Hingritty Borges Mingotti, Tallis de Lara Evangelista, Roberto Luís de Oliveira e Jéssica Daiane Maróstica, além do soldado da Polícia Militar, Leonardo Qualio. A Operação Gravatas é liderada pelo delegado Guilherme Pompeu.

Segundo as informações, as investigações apontaram a existência de uma organização criminosa com a participação dos advogados e do policial militar. Dentro desse esquema, cada um tinha uma tarefa bem definida em benefício da organização criminosa.

Em uma das conversas, um bandido identificado apenas como Robson envia uma mensagem à advogada Jéssica Daiane Maróstica. No texto, a liderança pede que a “doutora” verifique os antecedentes criminais de alguns rapazes que são do Estado da Bahia.

“Oi, doutora, tudo bom? Desculpa te incomodar. Doutora, não precisava que você puxasse quatro nome pra mim aí de uns rapaz que são lá de Bahia só pra mim saber se tem alguma passagem, tem algum processo, alguma coisa assim. Você não consegue caçar pra mim não”, escreveu Robson.

Depois, ele envia três fotos que aparecem as carteiras de indentidades de duas pessoas. Jéssica responde à mensagem destacando que já iria verificar.

Posteriormente, ela envia outra mensagem informando que ainda não conseguiu verificar a demanda, pois estava verificando algumas custódias. Ela reforça que assim que chegar em sua casa irá proceder com a pesquisa.

A advogada acata a ordem da liderança Robson e inicia a busca por registros ou processos criminais no Estado da Bahia, uma vez que as pessoas citadas são do Nordeste. Outro trecho mostra que a advogada Jessica se oferece para pesquisar em outro estado, momento, em que o chefe Robson responde:

“Doutora, eles são da Bahia, se você puder puxar de lá, né”. Em outra mensagem, outro integrante do grupo encaminha um texto afirmando que está com três sequestrados amarrados no mato, ao qual ela responde “credo” e depois envia uma figurinha com o sinal da cruz.

Conforme as informações disponíveis no inquérito policial, Jéssica demonstrou deboche e falta de empatia com as três vidas em jogo. “É um tribunal do crime em andamento, ocasião em que a advogada atua como consultora jurídica da organização criminosa”, traz trecho. 

O grupo jurídico da facção também enviava fotos de viaturas da Polícia Civil durante diligências as lideranças do Comando Vermelho que estão presas para mantê-las informadas e embaraçar investigações. A investigação apontou que os líderes da facção criminosa se associaram de forma estruturalmente ordenada aos quatro advogados, que representavam o braço jurídico do grupo, e havia uma clara divisão de tarefas a fim de obter vantagens de natureza financeira e jurídica, entre outras, com a prática de crimes como tráfico de drogas, associação ao tráfico, tortura e lavagem de dinheiro. 

A Operação Gravatas, liderada pelo delegado Guilher Pompeu, cumpriu 16 ordens judiciais, sendo oito prisões preventivas e oito buscas e apreensões, contra quatro advogados, um policial militar e três líderes de uma facção criminosa que estão custodiados no sistema prisional. Os advogados Hingritty Borges Mingotti e Tallis de Lara Evangelista passaram por audiência de custódia em Cuiabá e tiveram suas prisões preventivas mantidas durante.

Roberto Luís de Oliveira, Jéssica Daiane Maróstica e o policial Leonardo Qualio também passaram pela audiência, porém na 5ª Vara da Comarca de Sinop, ocasião em que as prisões preventivas de Roberto e Qualio foram mantidas, enquanto Jéssica teve sua prisão convertida em domiciliar precedida de medidas cautelares. Segundo a Polícia Civil, ação operacional conta com apoio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e das regionais da Polícia Civil de Nova Mutum e Sinop. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Sinop e Cuiabá.

*Fonte: FolhaMax