Líderes do Congresso articulam para derrubar veto de Lula sobre ‘saidinhas’ imediatamente

Caciques partidários avaliam analisar veto à Lei PM Sargento Dias já na próxima semana

Uma ala do Congresso Nacional articula a derrubada do veto parcial feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Projeto de Lei (PL) 2.253/2022, que acaba com as saídas temporárias de presos durante feriados, as chamadas “saidinhas”, já na próxima semana.

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) já sinalizou a parlamentares que a próxima sessão do Congresso, que analisa vetos presidenciais, vai acontecer na quinta-feira 18. A ideia é incluir a análise sobre o veto de Lula nessa próxima sessão.

A decisão sobre o veto foi anunciada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O presidente, conforme o ministro, vetou o trecho que proibia a saída dos detentos para visitar suas respectivas famílias.

“Entendemos que a proibição da visita às famílias dos presos, que se encontram o regime semiaberto, atenta contra valores fundamentais da Constituição, o princípio da dignidade da pessoa humana e individual”, disse Lewandowski.

Horas antes do anúncio de Lewandowski, Pacheco sinalizou que o Congresso não concordaria com um eventual veto sobre o tema.

“Há uma opção do Congresso Nacional relativamente a essas saídas temporárias, que é um instituto que deve ser restringido, especialmente para aquelas situações em que isso gere algum tipo de incapacidade para a ressocialização do preso”, disse Pacheco. “Não pode ser algo banalizado, que todos aqueles tenham acesso, porque de fato é muito recorrente a reincidência de crimes por aqueles que estão em saída temporária.”

Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) disse que vai “lutar” para que a análise do veto ocorra na próxima semana. Além disso, que há vontade “total” dos líderes da Casa para derrubar o veto rapidamente.

Apesar de destacar que a decisão sobre pautar o veto é de Pacheco, o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), disse que “há tempo” para incluir o tema na pauta e que deve haver uma pressão pela derrubada.

Líder do PP na Câmara, Dr. Luizinho (RJ) declarou que vai “trabalhar” para que o tema também seja analisado na próxima sessão.

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) criticou a ação do presidente Lula e destacou também estar trabalhando com seus “pares” para a derrubada do veto. “Lula, ao vetar a lei que colocava fim à saidinha dos presos nos feriados, ignora as vítimas e a segurança da sociedade, e confirma o porquê foi o candidato favorito nos presídios”, escreveu Moro no Twitter/X. “Vou trabalhar com meus pares para derrubar o veto.”

Apesar de ter votado a favor do PL das Saidinhas, o senador Omar Aziz (PSD-AM) ressaltou que não trata o tema com prioridade para ser analisado de imediato, já na próxima sessão.

Presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, Alberto Fraga (PL-DF) também ressaltou que vai trabalhar para fazer valer o que foi decidido pelo Congresso. “Lula contraria Congresso e permite ‘saidinha’ de preso para visitar família”, escreveu o deputado no Twitter/X. “Alguém esperava decisão diferente de Lula? Derrubaremos esse veto!”

O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) disse que a oposição deve derrubar o veto já na próxima sessão do Congresso. “Veto de Lula ao projeto de lei que põe fim às saidinhas é demonstração de fraqueza do governo”, escreveu no Twitter/X. “Com certeza será derrubado pelo Congresso.”

O que prevê o PL das Saidinhas

Relatado na Câmara pelo secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, deputado federal licenciado Guilherme Derrite (PL-SP), o texto ganhou força depois que o agente PM Dias levou dois tiros na cabeça durante uma perseguição no bairro Aarão Reis, na zona norte de Belo Horizonte (MG). Dias morreu.

A proposta mantém a saída temporária apenas aos presos em regime semiaberto que usem o benefício para realizar um curso supletivo profissionalizante ou de instrução do ensino médio ou superior.

“Nesse caso, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes’”, continuou o relatório. “Além disso, propõe que esse benefício, bem como o trabalho externo sem vigilância direta’, não seja concedido ao condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo ou com violência, ou grave ameaça contra pessoa.”

A legislação brasileira, atualmente, já nega a “saidinha” a condenados por crimes hediondos com morte como resultado. O texto aprovado busca aumentar essa restrição aos casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça.

O PL das Saidinhas também prevê o exame criminológico, que alcança questões de ordem psicológicas e psiquiátricas, como requisito para a progressão de regime.

As “saidinhas” são concedidas pela Justiça a presos do sistema semiaberto que já cumpriram pelo menos um sexto da pena, no caso de réu primário, e um quarto da pena, em caso de reincidência, entre outros requisitos.

*Fonte: Revista Oeste