Grupo de amigos foi chamado para salvar crianças, mas teria sido enganado por funcionária da Taurus
Um grupo de voluntários que está no Rio Grande do Sul para ajudar vítimas das chuvas diz ter sido coagido por uma funcionária da empresa Taurus para resgatar mais de 3 mil armas no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. A informação foi divulgada com exclusividade pelo portal Abc+ e confirmada pela imprensa.
A equipe colaborava com os resgates na capital gaúcha havia cerca de dez dias quando teria sido abordada por um homem, que pedia auxílio no salvamento de cem crianças. De boa-fé, os voluntários aceitaram o pedido de ajuda e se mobilizaram para montar uma equipe de resgate com os próprios recursos.
Porém, ao chegar ao ponto de encontro com o homem, em um posto de combustível na cidade de Canoas, os voluntários foram surpreendidos ao serem abordados por pessoas desconhecidas, entre elas uma mulher.
“Trabalho na Taurus”, disse ela, segundo relato do grupo ao portal Abc+. “O resgate que vocês vão fazer não é mais de crianças, e sim de armas.”
Inicialmente, o grupo se negou a participar da retirada. Inclusive, naquele momento, temia ter sido vítima de um sequestro. Foi então que começou a coação por parte da mulher.
“Não tinha mais como desistir, porque nos disseram que agora a gente estava sabendo de algo muito sigiloso e não podia voltar atrás”, relatou o investidor Nicolas Vedovatto ao portal Abc+. “Não iam deixar a gente sair.”
Sem saída, o grupo precisou usar os próprios botes para seguir até o local onde estava o armamento. “Ela [coordenadora] disse para não usar celular e até para não fazer movimentos bruscos, pois estávamos na linha de tiro de snipers [atiradores de elite] da Polícia Federal no topo dos prédios”, enfatizou uma das médicas voluntárias.
Os voluntários confirmam que, de fato, havia um atirador deitado em um telhado, com uma arma apontada para a água. Segundo eles, o primeiro contato com policiais federais aconteceu na entrada do aeroporto.
“Vocês são funcionários da Taurus?”, perguntou um policial. “Não, sou médica, vim para resgatar crianças.”
Ao saber que o grupo tinha sido enganado, o agente teria rido. “A Taurus fazendo isso”, relatou a médica ao portal.
Segundo os voluntários, o Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal, encarregado da segurança da operação, chegou depois que a primeira leva de armas já havia sido transportada. O resgate do armamento foi finalizado somente no fim da tarde.
Taurus se pronuncia depois de denúncia de voluntários
Em nota enviada a Oeste, a Taurus afirma que a operação de retirada das armas no aeroporto foi coordenada na parte fluvial pelo COT e por um veículo de transportadora credenciada pelo Exército Brasileiro na parte terrestre.
Ainda de acordo com a empresa, a operação foi escoltada por dois veículos de segurança privada armados e acompanhada por três viaturas da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Policia Civil do Rio Grande do Sul.
“A conferência e manuseio das armas foram feitas [sic] por 12 funcionários da Taurus, da área de logística, devidamente capacitados”, diz a companhia.
A Taurus diz ainda que, junto com os órgãos de segurança, sempre garantiu a “total segurança da carga”.
“A empresa desconhece a participação de voluntários e vai levantar os fatos com as autoridades policiais que participaram da operação”, conclui.
Oeste também procurou a Polícia Federal (PF) para esclarecimentos, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
*Fonte: Revista Oeste