Em entrevista ao jornal O Globo, dirigente afirmou que bairros e trechos inteiros de cidades terão de ser reconstruídos em outras localidades
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defendeu o debate sobre o adiamento das eleições municipais no Estado em consequência das chuvas. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao jornal O Globo.
Apesar de afirmar que ainda é cedo para tratar do tema, Leite acredita que a discussão não poderá ser retardada por muito tempo.
“É um debate pertinente”, disse. “O Estado estará em reconstrução, ainda em momentos incipientes, em que trocas de governos municipais podem atrapalhar esse processo.”
Segundo o governador, o próprio debate eleitoral pode dificultar a recuperação do Estado.
Durante a entrevista, Leite reconheceu a falha do sistema antienchente de Porto Alegre, embora não tenha certeza se a causa foi falta de manutenção ou inadequação ao volume de água.
“[…] Porque, de fato, é a primeira vez que ele é posto à prova nos seus pouco mais de 60 anos em uma crise de magnitude maior do que a enchente de 1941”, afirmou.
O governador sugeriu a necessidade de ajustar a governança sobre os sistemas de proteção e resiliência de Porto Alegre, e destacou que a proteção da cidade é de competência do município.
“Não estou dizendo que o Estado deva assumir esse papel, mas certamente terá que colaborar”, disse. “O Rio Grande do Sul terá que desenvolver uma especial competência a partir do que estamos vivenciando.”
Eduardo Leite projetou que ainda serão necessárias muitas semanas de trabalho para que uma parte da população tenha algo próximo da normalidade, e alguns meses para que a normalidade seja efetivamente alcançada.
Ele também mencionou a dificuldade em prever o momento em que as águas irão baixar nas cidades gaúchas, especialmente devido à previsão de chuvas intensas, que podem impactar o ritmo de redução dos níveis dos rios.
Eduardo Leite diz que custo para reconstrução do Estado subiu
Na entrevista, Leite afirmou que o valor inicial de R$ 19 bilhões para a reconstrução do Estado “certamente será bem superior”. Segundo ele, o valor exato será definido somente depois que as águas baixarem.
“Esse foi um primeiro esforço que a equipe fez de levantamento de danos em estruturas públicas, pontes, hospitais e escolas”, afirmou. “Quando agrega os custos das moradias, dos impactos nas empresas, das perdas econômicas, vai muito além dos R$ 19 bilhões.”
O governador projetou que ainda serão necessárias muitas semanas de trabalho para que uma parcela da população retorne a “algo próximo da normalidade”, e alguns meses até que o Estado chegue efetivamente “próximo do normal” para todos.
A respeito de um vídeo gravado em 2021 sobre a derrubada de parte do Muro da Mauá, Leite argumentou que nunca disse que os muros eram desnecessários.
“Defendi a substituição por um novo sistema, com um novo modelo”, afirmou. “A lógica é de que os armazéns devem se integrar à cidade para serem espaços de gastronomia e lazer.”
Quanto às alegações sobre a demora no pedido de evacuação de pessoas em áreas de risco, Eduardo Leite disse que os alertas foram emitidos no dia 29 de abriu, quando soube do volume de chuva.
“A Defesa Civil já tinha promovido o alerta às defesas civis municipais e os prefeitos foram avisados”, disse.
*Fonte: Revista Oeste