Ex-marido de vítima foi preso na casa de deputado onde se hospedou após crime

Ele é apontado como mentor do crime praticado pelo irmão

Romero Xavier, preso suspeito de mandar matar a empresária e ex-mulher Raquel Cattani, ficou hospedado na casa do sogro, o deputado Gilberto Cattani, depois crime, segundo o secretário de Segurança Pública, César Augusto Roveri. A vítima foi assassinada com ao menos 30 facadas, pelo cunhado, Rodrigo Xavier, no sítio onde morava, em Nova Mutum, 269 km de Cuiabá, no dia 18 deste mês, segundo a polícia. O autor do crime também foi preso.

O secretário também disse que Romero estava na casa do sogro no momento da prisão e agia normalmente para tentar despistar a polícia.

O suspeito chegou a se apresentar à polícia na casa da vítima no dia que a encontraram morta, e foi ouvido. Preliminarmente, a polícia descartou a participação dele no crime e o liberou para acompanhar o velório e sepultamento da ex-mulher.

Durante o velório, o ex-marido demonstrou estar muito abalado e recebeu apoio de amigos e familiares da empresária. Ele chorou durante as últimas homenagens à filha. 

Após a polêmica envolvendo o nome dele como suspeito da morte, o deputado Cattani chegou a se posicionar, afirmando que o genro não havia matado sua filha.

Romero é pai de ambos os filhos de Raquel – um menino de 6 anos e uma menina de 3 anos. No dia do crime, segundo a polícia, ele buscou as crianças na casa da ex para passar alguns dias com ele.

Crime planejado

De acordo com a polícia, Romero levou o irmão no próprio carro e o deixou escondido nas proximidades do sítio PH, de propriedade de Raquel Cattani. Ao longo do dia, ele teria almoçado com o ex-sogro. Após almoçar, ainda segundo a polícia, levou os filhos do casal para Tapurah, a fim de criar o álibi e afastá-los do crime planejado.

A investigação apontou ainda que, durante a tarde do dia 18 de julho, Romero chamou algumas pessoas com quem nem tinha muita convivência para beber e assar carne. No período da noite, foi a três boates em Tapurah. Segundo a polícia, esse comportamento evidencia a tentativa de formar o álibi de que estaria da cidade e, assim, não ser considerado o principal suspeito.

A polícia informou que Romero sabia da rotina de Raquel e, de forma planejada, havia retirado os filhos da residência anteriormente. Ainda de acordo com a investigação, enquanto o ex-marido da vítima simulava o álibi, Rodrigo ficou à espreita da vítima até ela chegar ao sítio.

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Ao chegar no sítio por volta de 20 horas da quinta-feira, a vítima foi atacada com uma faca e morreu ainda no local. Em seguida, segundo a polícia, Rodrigou subtraiu alguns objetos da casa, quebrou a televisão na parte de fora e levou a moto da vítima com o destino a Lucas do Rio Verde.

O executor do crime jogou a motocicleta, o celular e a faca do crime em um rio da região.

Ainda nesta quarta-feira, uma equipe policial coordenada pelo delegado Edmundo Félix seguiu até o assentamento Pontal do Marape para conduzir o autor intelectual do homicídio e trazê-lo até a delegacia de Nova Mutum.

Entenda o caso

Raquel Cattani, de 26 anos, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), foi encontrada morta, na sexta-feira (19), na região do Pontal do Marape, em Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá. Ela era empreendedora e atuava na produção de queijos artesanais em Nova Mutum.

O deputado estadual Gilberto Cattani e a esposa vivem em uma fazenda a cerca de 2 km de distância da propriedade onde a filha morava.

O local é isolado da cidade. A área urbana de Nova Mutum fica a cerca de 160 km da propriedade rural. O município mais próximo é Tapurah, a cerca de 40 km.

De acordo com a Polícia Militar, a vítima foi achada sozinha dentro de um dos quartos da casa onde vivia. Inicialmente, a perícia apontou que ela morreu na noite de quinta-feira (18).

Deputado chama ex-genro de “monstro covarde” após prisão por morte de filha

No último domingo (21), Gilberto Cattani fez uma publicação em seu Instagram defendendo Romero Xavier, afirmando que o rapaz não tinha matado a filha dele. Inclusive, o tratou como “marido” de Raquel quando na verdade a jovem já estava separada de Romero. 

Segundo a Polícia Civil, no dia do crime, Romero almoçou com o ex-sogro e, inclusive, chorou na frente dos familiares da vítima. Após almoçar com o sogro, levou os filhos do casal para Tapurah a fim de criar o álibi e afastá-los do crime planejado.

“Na verdade a gente sempre teve um ‘pé atrás’ porque a polícia também fez o que tinha que ser feito. A única coisa que a gente fez foi aquilo que precisava para chegar no resultado que chegou. A gente tinha que deixar as investigações correrem para que pudéssemos ter êxito. O álibi dele era muito forte, tanto que não estava aqui, teve a capacidade de fazer, foi um covarde, mas nós tínhamos que mantê-lo por perto se não hoje talvez não teríamos esse desfecho”, disse em entrevista à Rádio Cultura nesta quinta-feira (25).

Para Cattani, a prisão da dupla ajuda a família a manter esperanças nas Forças de Segurança. “Recebemos uma resposta a essa atrocidade que foi feita, pegaram esses monstros e os colocaram atrás das grades. Não vou dizer que conforta porque nada pode confortar a gente neste momento, mas ajuda a termos esperança nas Forças de Segurança que agiram de forma magnífica, mas não muda o que foi feito, infelizmente”, desabafou. 

Com o brutal assassinato, a jovem deixou dois filhos, uma menina de 6 anos e um menino de três anos. Agora, os avôs maternos irão pedir a guarda dos netos. “Nós vamos pedir a guarda deles e cuidar com todo o carinho. São nossas sementes, amores maiores e daremos todo o apoio, o que for necessário, para cuidarmos deles como cuidamos dos nossos filhos”, encerrou Cattani. 

*Fonte: FolhaMax