Sucesso nos Estados Unidos, modelo de produção de carne chega ao Brasil

Angus lança novos cortes de carne premium, a partir do cruzamento com raças leiteiras

O Programa Carne Angus Certificada vai começar a produzir cortes de carne premium provenientes do cruzamento do Angus com matrizes leiteiras, das raças Holandês e Jersey. O lançamento ocorreu na última segunda-feira, 26, na casa da Associação Brasileira de Angus, na 47º Expointer, em Esteio, no Rio Grande do Sul.

O modelo de produção traz para o Brasil uma tendência mundial de cruzamento com grande sucesso nos Estados Unidos. 

Esse modelo é chamado “Beef on Dairy”, expressão usada pelos norte-americanos para descrever a prática de cruzar vacas leiteiras com touros de raças de corte. 

A gerente do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina, afirma que o resultado do cruzamento é uma carne de qualidade, “com ótimo marmoreio e muito consumida para atender às exportações norte-americanas de carne premium”.

Os primeiros cortes estão sendo conduzidos pela Cooperativa CooperAliança, em Guarapuava (PR), frigorífico parceiro do Programa Carne Angus Certificada e reconhecido pela excelência na produção de carne premium

Qualidade da carne é surpreendente, diz especialista

Segundo o gerente de Fomento CooperAliança, Robson Ueno, o uso desse tipo de animal para o abate gerou uma surpresa muito positiva. “Esses animais produzem carne de extrema qualidade, com bom formato e rendimento de cortes e muito marmoreio”.

A Associação afirma que os padrões de qualidade usados hoje para classificar uma carne Angus certificada continuarão os mesmos, inclusive para os animais de cruzamento. 

“Estamos apenas qualificando esses animais, mas as exigências de padrão de carcaça, por exemplo, são iguais e muito criteriosas”, explica Doralina.

Touro Angus: qualidade da carne depende da gestão genética | Foto: Divulgação/ Associação Brasileira de Angus
Touro Angus: qualidade da carne depende da gestão genética | Foto: Divulgação/Associação Brasileira de Angus

Além de impulsionar o volume de produção de carne premium dentro do programa, a executiva diz que o modelo gera benefícios significativos aos criadores. 

Programa abre oportunidades de novos negócios

Para os produtores de Angus, abre-se um mercado importante para a venda de sêmen de touros da raça. Já para os criadores de Holandês e Jersey, oferece uma oportunidade de diversificação do negócio, produzindo novas fontes de renda, em um cenário de margens estreitas na comercialização do leite.

Coordenado pela Associação Brasileira de Angus, o Programa Carne Angus Certificada estimula, há 21 anos, os criadores a investirem em melhoramento genético, qualidade, padronização e sustentabilidade.

Conforme a entidade, o objetivo é, principalmente, oferecer aos consumidores um produto diferenciado, que atenda a altos padrões de excelência. Nesse sentido, a associação espera reforçar a imagem da Angus como produto reconhecido mundialmente, cuja exportação alcança 41 países. 

Produto tem reconhecimento internacional

No primeiro semestre de 2024, as exportações cresceram 7,8%, somando 1,3 mil toneladas vendidas. China, Chile, Holanda e Arábia Saudita são os maiores compradores neste período.

Além disso, o programa tem conseguido, também, abrir novos mercados. Entre eles, Maldivas, Aruba, Senegal, Iraque, Turquemenistão e Geórgia.

O Carne Angus opera com abates em 53 frigoríficos, pertencentes a 26 indústrias parceiras, e acumula mais de 5,8 milhões de animais Angus abatidos e 27 mil produtores participantes espalhados por 12 Estados brasileiros.

*Fonte: Revista Oeste