Pablo Pereira ficou três dias preso
O servidor público Juliano Rafael Teixeira Enamoto entrou com um novo pedido de Comissão Processante, desta vez na Câmara Municipal de Várzea Grande, pedindo a cassação do vereador de Várzea Grande, Pablo Gustavo Moraes Pereira, o Pablo Pereira (UB). O parlamentar foi preso durante a deflagração da Operação Gota D’água, suspeito de integrar uma organização criminosa que atua no Departamento de Água e Esgoto (DAE) da cidade.
O servidor, que na segunda-feira protocolou um pedido semelhante na Câmara Municipal de Cuiabá, contra o vereador Paulo Henrique (MDB), preso na última sexta-feira (20) durante a deflagração da segunda fase da Operação Ragnatela. Nas petições, Juliano Rafael Teixeira Enamoto aponta que os vereadores teriam cometido quebra do decoro parlamentar.
Na petição contra Pablo Pereira, que foi solto na segunda-feira após uma decisão do desembargador Gilberto Giraldelli, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) ,o servidor destacou que o vereador se utiliza do cargo para fazer pressão política e se beneficiar do esquema, utilizando a estrutura do DAE para fins eleitorais. Ele destaca que a corrupção seria uma das principais causas dos problemas de abastecimento existentes em Várzea Grande. “A conduta imputada ao Nobre Vereador é de chapada incompatibilidade com o decoro parlamentar que deva ter um legislador municipal, pois ao atribuir ao supramencionado parlamentar os graves fatos apontados pela autoridade policial e amplamente reportado pela imprensa, demonstrado claramente a ruptura do decoro parlamentar ensejando a presente denuncia e a consequente cassação do mandato parlamentar”, diz a petição.
Operação Gota D’água
A Operação Gota d’Água revelou que um grupo de servidores comissionados que apoia Pereira foi colocado em “posições estratégicas” para a cobrança de propinas. As fraudes vêm ocorrendo, pelo menos, desde o ano de 2019. As investigações apontaram pelo menos duas situações explícitas que comprovaram a cobrança de vantagens indevidas para a realização do serviço público de abastecimento de água. A prática seria uma ‘regra’ da diretoria comercial do DAE, que até apelidou as propinas como ‘Pocotó’.
Também foram alvos de prisão preventiva Leandro Humberto de Araújo, Mário Sales Rodrigues Júnior, Anderson Kleiton Corrêa Botelho, Aguinaldo Lourenço da Costa Silva, Paulo Ricardo Ribeiro da Silva, Alex Sandro de Proença, Giliard José da Silva, Elizelle Fátima Gomes de Moraes e João Victor Ferreira de Campos. Desses, apenas Elizelle conseguiu prisão domiciliar. O objetivo do grupo criminoso, conforme as investigações, era a “criação de dificuldades para venda de facilidades”, o que incluía a inserção de dados falsos nos sistemas da autarquia, de modo a excluir ou “inventar” valores de faturas da conta de consumo de água.
Propinas eram cobradas, dentro da Ouvidoria do próprio DAE, para o “perdão” de longos períodos de dívidas dos consumidores. Em um dos casos mais emblemáticos revelados nas investigações, uma consumidora de Várzea Grande ficou entre 2020 e 2024 sem pagar a conta de água, mesmo fazendo uso do serviço.
No esquema, conforme a PJC, Pablo Pereira tinha um preposto que se auto-intitulava como “braço direito” do vereador: o ex-diretor comercial da autarquia, Alessandro Macaúbas Leite de Campos. O vereador e o diretor tentaram, a todo custo, evitar a exoneração de outro servidor que atuava na diretoria comercial, identificado como Alex Sandro de Proença, denunciado por inserção de dados falsos nos sistemas do DAE para cobrar propina de um consumidor.
O presidente da autarquia, Carlos Alberto Simões de Arruda, conta que foi pressionado pelo vereador e pelo diretor comercial, Alessandro Macaúbas, para manter Alex Sandro no cargo, em maio de 2024.
*Fonte: FolhaMax