Dólar dispara e atinge R$ 5,97 com anúncio de pacote fiscal do governo Lula

Na bolsa de valores, o contrato futuro da moeda de primeiro vencimento tinha alta de 0,26%, a R$ 5,975

O dólar abriu em disparada nas primeiras negociações desta quinta-feira, 28, e ultrapassou os R$ 5,97. O movimento acontece depois do anúncio do pacote de medidas de contenção de gastos pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira, 27, que veio acompanhando de um projeto de reforma do Imposto de Renda (IR).

Às 9h06, o dólar à vista subia 1,11%, a R$ 5,979 na venda. Na bolsa de valores, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,26%, a R$ 5,975.

Na quarta-feira, o dólar à vista fechou o dia com alta de 1,80%, aos R$ 5,9141. Esta foi a maior cotação nominal de fechamento desde que o real começou a circular, em julho de 1994.

Mercado desaprova medidas de governo Lula e afeta dólar

O mercado financeiro avalia os planos do governo Lula como insuficientes para estabilizar a dívida pública do Brasil.

Entre as propostas de Haddad estão o reajuste no abono salarial e a limitação do crescimento das emendas parlamentares a 2,5% ao ano. Além disso, metade das emendas de comissões do Congresso será destinada à saúde pública, o que deverá reforçar o Sistema Único de Saúde (SUS).

Houve também propostas de mudanças na idade mínima para aposentadoria dos militares e restrições na transferência de pensões. O governo estima que essas medidas gerem uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Elas dependem, contudo, da aprovação do Congresso Nacional para vigorar.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, define meta de déficit com Lula
Mercado acredita que medidas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não vão diminuir a relação entre dívida pública e PIB | Foto: Mateus Bonomi/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

A principal crítica do mercado é que essas ações, embora corretas, não terão impacto significativo sobre a relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB), que deve diminuir. Alexandre Andrade, da Instituição Fiscal Independente, disse à CNN que as medidas do governo tentam ajustar despesas que superam o limite fiscal.

“Elas buscam corrigir a trajetória de gastos que cresciam acima do arcabouço”, destaca Andrade.

Economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini informou que serão necessários esforços adicionais. “A meta não é só ser cumprida; é essencial reduzir a relação dívida/PIB”, declarou ao canal. Já a sócia-diretora da Gibraltar Consulting, Zeina Latif, considera que incluir militares, emendas e abono salarial é positivo, mas não assegura a sustentabilidade da dívida.

Latif afirma que, diante do desafio fiscal e das expectativas deterioradas, seria preciso um pacote mais ambicioso. Ela sugere que novas medidas serão necessárias no futuro para conter o crescimento da dívida.

*Fonte: Revista Oeste