Lula e Janja, STF e Quaquá esbofeteiam a justiça e a inteligência brasileiras

As ditaduras tornam tudo passível de interpretação subjetiva e amaciada para os ditadores ou amantes e amados dos ditadores

Um tapa na cara deveria ser uma agressão inquestionável. Um crime inquestionável. Passível de processo. Cassação de mandato. Mancha na carreira e na vida do agressor. Mas não é assim em uma ditadura. As ditaduras tornam tudo passível de interpretação subjetiva e amaciada para os ditadores ou amantes e amados dos ditadores. É com isso que conta o deputado Washington Quaquá, vice-presidente do PT, quando meteu a mão na cara do colega esbofeteado, Messias Donato.

Se há uma ditadura de opinião única, chefiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que literalmente interpreta a lei à sua conveniência para censurar, perseguir e prender quem queira, e se o governo federal petista e seus asseclas é protegido por esta ditatoga, por que se preocupar com a lei?

A lei está com ele. Quá-quá. Mesmo os jornalistas que adulam a ditadura podem dar uma ou outra manifestação de fingimento civilizado, mas no fim vão convir mais para o pronome “mas”, em que vão relativizar a bofetada: “Ah, mas também os outros deputados chamaram Lula de ladrão. Uma agressão inaceitável às instituições…” Já dizem. A mesma violência simbólica de chamarem os supremos do tribunal de injustos, tiranos, por terem influenciado diretamente as eleições ao tirarem um ladrão da cadeia para se tornar presidente. Essa agressão simbólica interpretada pelo STF deu azo à censura, à prisão e à perseguição. E já há manifestações na Câmera, pedindo a cassação de todos os deputados que chamaram Lula de ladrão. Vejam só. A agressão real daqui a pouco seria esquecida para dar valor maior à suposta agressão simbólica primeira. A de chamar Lula, condenado e preso por ladroagem, de ladrão. 

Por isso mesmo, Quaquá ri de seus acusadores e diz de peito aberto que meteria a mão tantas outras vezes quanto necessário em quem quer que seja. Ele sabe que a lei no Brasil só serve para punir os críticos do regime. Ele sabe que a relativização da realidade e da justiça, manipuladas pela nossa ditadura judicial, pode torcer a lei a seu favor se acharem conveniente. Ele conta com a ignorância calculada de uma lei subjetiva, que equipara um tapa na cara a um desaforo verbal qualquer — no caso de Lula, desaforo realista. Ele conta com a ditadura pseudodemocrática que interpreta a lei subjetiva de violência simbólica de crime de opinião, que, segundo o entendimento dos juízes supremos, pode até revogar a violência real de um tapa na cara. 

Não só o deputado esbofeteador Quaquá, mas toda a junta ditatorial do governo, do Supremo, da mídia. Contam com a ignorância calculada, que enfiam goela abaixo da população brasileira. A primeira-dama, Janja da Silva, disse que um hacker ter invadido sua conta no Twitter era prova de uma espécie de machismo odioso estrutural, que seria financeiramente proveitoso para Elon Musk. O dono da rede social. E ela e Lula usaram esse argumento estapafúrdio para quererem regular e censurar não só as redes sociais no Brasil e no mundo. Qualquer pessoa com um mínimo de QI válido riria de um festival de estupidez assim. Mas numa ditadura de ignorantes espertos, que usam do poder de manipulação e silenciamento e perseguição para propagarem e imporem o poder de sua estupidez, a coisa perde a graça. 

Todos sabem, principalmente nossos ditadores pseudodemocratas, que as redes sociais se tornaram a praça pública livre da opinião do povo. E que esta liberdade libertou a voz popular a ponto de mudar toda a geopolítica mundial. Se há preconceitos ou mesmo crimes em meio a essa praça pública, há um Código Penal, que prevê a punição para esses crimes. Não há nenhuma necessidade de regulação nesse sentido. O que está sendo embrionado e executado no Brasil é a criminalização da opinião, com censura e cadeia para quem não pensa, não fala nem age de acordo com a ditatoga suprema. Falou mal de urna eletrônica ou disse que Lula é ladrão, corre-se o risco de cadeia ou silenciamento eterno. Sufocando a opinião popular pelo medo, pelo silêncio, pela autocensura. Impondo a ignorância da realidade, criando crimes irreais, ódios coletivos irreais, a praça pública vai sendo tomada por um exército de soldados vigilantes da opinião alheia e impondo a opinião única da ditadura dos estúpidos — a ponto de se alguém reclamar de ter tomado um tapa na cara por ouvir uma estupidez ser preso por reagir.

*Fonte: Revista Oeste